Em uma plateia lotada, a equipe do E.T.C. conferiu a reestreia da peça “Acorda pra cuspir”, que aconteceu na última sexta-feira (20 de janeiro), no teatro Nair Bello. Estrelada pelo comediante Marcos Veras, a peça foi construída no formato de um monólogo, feito pelo personagem José Silva, que prende a atenção do telespectador do início ao fim, seja por curiosidade, ou por graça.
Contudo, nos primeiros minutos do espetáculo, é o assustador cenário que se destaca e praticamente congela a plateia. Mas logo o clima fica mais leve e os risos mais frouxos. Não se engane, porém, achando que a peça é em estilo stand up e que você não vai parar de rir. Há piadas e há humor (claro!), mas só o suficiente para aliviar o peso de alguns assuntos lavados ao palco.
E para quem ficou curioso, os assuntos são muitos! Se fala de viagem, de pedidos, de religião, fome, morte e até de temas bem simplórios, mas que sempre tocam um ponto em comum: as reações insanas que a sociedade atual tem diante de determinadas situações. A análise maior, no entanto, recai sob três assuntos: dinheiro, fama, e a construção de alguns “deuses”; uma crítica ácida à supervalorização de coisas e pessoas.
Quando acabou, depois de ser amplamente aplaudido, Marcos Veras agradeceu o público e comentou sobre a oportunidade de continuar com a peça em 2017: “Esse é um espetáculo consideravelmente novo, estreiamos em maio do ano passado, mas que está me proporcionando muita felicidade com essa noite de reestreia e com a possibilidade de fazer as pessoas pensarem diferente”, disse o ator, que relatou já ter recebido feedbacks de espectadores que mudaram de vida após assistirem à peça.
Mas se toda essa descrição não foi suficiente para fazer você querer assistir “Acorde pra cuspir”, veja abaixo 5 motivos que podem lhe fazer mudar de ideia:
1. É simplesmente profundo: como muitos monólogos teatrais, a peça é cheia de efeitos especiais e, portanto, concentra todo o seu poder na fala, capaz de fazer o público viajar profundamente na mente do personagem José Silva (e de tantos outros que também são encenados por Marcos Veras). Aliás, é incrível ver como uma única pessoa consegue trocar tão rapidamente de um personagem para outro, sem nem mesmo mudar de roupa.
2. Seria cômico, se não fosse trágico: outro ponto impressionante, e que merece destaque, é a constante troca de emoções que se sente ao assistir “Acorde pra cuspir”. Isso porque, há uma forte mistura de humor e drama que envolve toda a peça, tanto nas falas, quanto nos movimentos do ator. O resultado é evidente: em um momento se vê a alegria pura, e no instante seguinte, a reflexão (e até a tristeza) profunda.
3. É provocativo: logo no início do espetáculo, José Silva diz que não pode fazer ninguém pensar. Mas ele faz! Com um discurso profundo, repleto de emoção, sobre diversos temas presentes na vida de todos, o personagem instiga uma reflexão da vida atual, da insanidade da sociedade contemporânea e provoca no público pensamentos talvez nunca ocorridos antes. José Silva faz pensar e repensar.
4. Questiona a fama: ao passo que faz os telespectadores refletirem sobre os comportamentos atuais, “Acorde pra cuspir” toca em um dos temas que mais geram atitudes exageradas: a fama. Ao falar sobre a busca pelo sucesso, sobre os “benefícios” de ser famoso e sobre os deuses modernos, José Silva lembra o público que, na realidade, todos somos humanos de forma igual, independente do quanto se carrega na carteira.
5. Inspira mudança: diante de tanta reflexão, relacionadas a tantos assuntos diferentes, a peça faz jus ao nome que carrega e realmente inspira mudanças. Seria exagero dizer que todos que veem “Acorde pra cuspir” mudam de estilo de vida ou de comportamento, mas é seguro afirmar que, ao sair do teatro, a maioria repensa algumas atitudes.
Por E.T.C.