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Relembre ‘Californication’, o “videoclipe-game” do Red Hot Chilli Peppers


O hit da banda já foi um jogo, você sabia?

Se você era criança ou adolescente em 2000, e não perdia um Disk MTV, confesse: você queria jogar Californication. O “jogo” que não estava disponível em nenhum console, mas que era exibido à exaustão na MTV e em qualquer outro lugar que exibisse videoclipes. Em meio a uma época de transição dos videogames, com os seus gráficos se tornando cada vez mais realistas, o Red Hot Chilli Peppers exploraram seus recursos para fazer um dos clipes mais lembrados daquela época.

E, claro, deixando muita gente a fim de jogá-lo até hoje.

“O Sonho da Californicação”

Californication
Californication é um dos álbum mais bem sucedidos do rock.

Primeiro, vamos falar da música em si. Na autobiografia de Anthony Kiedis, ele explica que a letra de Californication foi escrita durante suas férias na Índia. Ele assumiu que foi uma das músicas mais difíceis de compor, entretanto, é uma das quais ele mais gosta. Uma das grandes razões para isso era o álbum em si.

Enquanto o Red Hot Chilli Peppers de outros álbuns era uma banda com músicas divertidas, chegando ao ponto da banda tocar a música-tema do filme do Beavis and Butt-Head, em Californication eles assumiam um tom mais sério. Mais crítico. Não só a música, mas como todo o álbum, gira em torno de reflexões em temas como a luxúria, o sexo, as drogas, ou a globalização.

Voltando para a música, Californication fala sobre o lado obscuro de Hollywood. Kiedis quis, através da letra, refletir sobre o outro lado da cidade iluminada. Misturando elementos da cultura pop como Star Wars, Star Trak, ou David Bowie, com situações como a decadência do sexo ou a cirurgia plástica, a música vai, letra a letra, refletindo estes aspectos da sociedade.

Fazendo uma reflexão sobre o que, de fato, vale a pena, em uma sociedade que sempre busca a luz do sucesso, não importa de que forma. E que busca maneiras artificiais para fugir da realidade, como o exemplo das cirurgias plásticas.

Com a letra escrita, era hora de fazer a música. Porém havia muita dificuldade para isso. Até que John Frusciante, inspirado na Carnage Visors, do The Cure, chegou no estúdio e tocou a música do jeito que ele acreditava que ficaria. A banda adorou a melodia e a forma em que ela era tocada, assim sendo aprovada de imediato por todos.

O resultado foi um dos maiores sucessos já lançados pelo Red Hot Chilli Peppers. O disco está entre os álbuns definitivos do Rock’n Roll Hall of Fame, vendeu mais de 40 milhões de cópias em todo o mundo, e ainda emplacou Scar Tissue como a Melhor Canção de Rock do Grammy 2000.

O videoclipe que é um videogame

Em 2000, o “Youtube” para assistir a clipes se chamava Disk MTV. O programa, exibido às tardes, era um Top 10 com os clipes mais pedidos pelos espectadores, por telefone. E era bem comum ver Californication entre os primeiros colocados. Seja pela música, pela banda em si, ou, claro, pelo videoclipe.

Durante este ano, o Dreamcast ostentava o título de console mais poderoso, enquanto o Playstation 2 prometia (e cumpriria) chegar com os dois pés na porta. O primeiro Playstation já dava sinais de aposentadoria, enquanto o Nintendo 64 ainda demonstrava força, com Zelda: Majora’s Mask e Perfect Dark entre as novidades.

Baseado em vários destes games, o videoclipe começa com os membros da banda, em uma tela de seleção que lembra muito as dos games Tony Hawk. Logo no começo, John corre por Hollywood em uma fuga bem inspirada nos QTE de Shenmue. O clipe também tem Chad surfando com uma prancha de snowboard montanhas de neve, e a Golden Gate de San Francisco. Além do game de skate, jogos como Snowboarding 1080° eram tendência na época.

Kiedis participa da “fase de água”, na Baía de San Francisco, em um estilo que, embora na época não era lá tão comum, hoje em dia é padrão. Basta ver os games mais recentes de Assassin’s Creed, ou Tomb Raider, que as referências chegam na hora. Flea participa de uma fase de carrinho em uma mina, no melhor estilo Donkey Kong Country.

E as referências não acabam. A fuga de John garante alguns momentos que lembram até os futuros jogos GTA, como a entrada em um estúdio que gravava filmes de sacanagem. Kiedis encarna o próprio Crazy Taxi, correndo pelas ruas da cidade. E assim o clipe vai acontecendo até que todos completam seus desafios, chegam a um cubo, que simboliza o fim do game, e “concluem” o jogo.

Todas estas referências, somadas a qualidade incrível das animações em computação gráfica para a época, fizeram de Californication o “melhor jogo que nunca saiu”. É claro que tudo ali não era jogável, e sim fruto de CGIs, mas imagine se, naquela época, alguém tivesse a ideia de colocar esse contexto em uma capa e lançar, hein?

Cadê o jogo, Red Hot?

Californication
Kiedis Taxi

Se houvesse sido lançado na época, o sucesso do game seria algo bem nebuloso. Embora a ideia de transportar a música para os videogames no videoclipe tenha sido ótima, levar diretamente aos videogames seria algo bem estranho. Ainda mais com as limitações da época, e os temas diversos abordados não só pela música, mas por todo o álbum.

Mas hoje em dia, como um produto nostálgico, e que celebre um momento importante da banda, o jogo seria uma ótima maneira de gerar boas lembranças em seus fãs. Jogos com nomes do rock não são lá uma raridade, e uma produção, simples, porém caprichada, teria um bom lugar entre os jogos de smartphone.

E você? Sempre quis jogar Californication? Qual a sua “fase” preferida? Vem com a gente celebrar um capítulo interessante do rock, com o game mais legal, que nunca existiu.

Por Arkade


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