O Rock in Rio é um dos maiores festivais de música do mundo. E desde que foi criado, em 1985, tem se tornado um cenário de referências não só musical como também políticas.
A história do evento começa logo depois da Ditadura Militar no Brasil (1964-1985). Após um período marcado por conflitos, proibições e torturas, a população pôde, finalmente, ter a sua democracia declarada. Naquele ano, Tancredo Neves havia sido escolhido pelo voto indireto do colégio eleitoral (com representantes escolhidos pelo povo) para ser o novo presidente do país e dar início a um novo capítulo.
A conquista e o fim da regime foram motivos de celebrações em todos os cantos do Brasil. No dia 15 de janeiro de 1985, Kid Abelha e Abóboras Selvagens comemoravam o quinto dia de Rock in Rio com uma bandeira brasileira no palco, em homenagem a redemocratização do país no primeiro show pós-era militar.
Em 2013, a edição do festival aconteceu em setembro, logo depois das manifestações de junho contra o aumento da tarifa do transporte público e os gastos para a Copa do Mundo de 2014.
Convidado como uma das atrações do evento, Tico Santa Cruz, vocalista do Detonautas, subiu ao palco e puxou um coro contra a Sérgio Cabral (PMDB), ex-governador do Rio de Janeiro, e a proibição do uso de máscaras durante as manifestações de ruas.
No mesmo dia, Dinho Ouro Preto, da banda Capital Inicial, colocou um nariz de palhaço ao performer a canção “Saquear Brasília”, fazendo referência ao cenário político da época.
Já em 2017, uma das principais pautas dos protestos no palco do evento foi o meio ambiente.
No mesmo período em que um decreto assinado por Michel Temer (PMDB) extinguiu uma área de reserva mineral na Amazônia, Gisele Bündchen, uma das defensoras da causa, falava sobre o consumo sustentável e a proteção da área quando a plateia puxou um grito de “fora, Temer” para o ex-presidente.
E não foi o único ato contra o político, não. Ao iniciar “Indignação” em sua apresentação, o vocalista da banda Skank, Samuel Rosa, comentou os casos de corrupção, levando, mais um vez, o público a pedir a saída de Michel Temer.
Ainda na mesma edição, a Ana Canãs manifestou-se contra a cura gay, autorizada naquela semana pela Justiça Federal do Distrito Federal a tratar a homossexualidade como doença. A cantora esteve no palco com uma bandeira LGBT, em defesa de toda forma de amor, e protestou, também, contra a ditadura militar ao cantar “O Bêbado e o Equilibrista”, de Elis Regina. A música foi um dos maiores símbolos de luta da população contra o regime totalitário vivido no Brasil.
Em 2017 também, Alicia Keys convidou Sonia Guajajara, coordenadora da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), para falar sobre a preservação da Amazônia.
Em 2019, o Rock in Rio acontece entre os dias 27 de setembro e 6 de outubro. Em um ano marcado pelo primeiro mandato de Jair Bolsonaro e polêmicas envolvendo-o, resta aguardar as manifestações e pautas que serão discutidas nos palcos do festival.
Matéria por: Conexão POP