Escrita há 30 anos atrás, “Tomara” tem um tom de atualidade neste ano de 2020. “Tomara Meu Deus Tomara / que tudo o que nos separa / não frutifique e não valha” – dizem os primeiros versos da canção, não por acaso escolhida como o primeiro single do novo disco de Alceu Valença – “Valencianas II”, que junta o cantor pernambucano à Orquestra Ouro Preto, comandada pelo maestro Rodrigo Toffolo, e que será lançado até o final do ano. O primeiro single já está disponível em todos os aplicativos de música a partir de hoje.
Mais que o libelo por uma nação solidária, “Tomara” é malha rara que serve de antídoto para estes dias de incerteza. O arranjo, para cordas, percussão e banda, escrito por Mateus Freire, estabelece a ponte entre as sonoridades do Nordeste profundo e o barroco mineiro de Ouro Preto, o lar da orquestra. A direção de cena do concerto é de Paulo Rogério Lage. Nas palavras de Rodrigo Toffolo, “nada mais atual que o desejo por amor, esperança e dias melhores tão bem desenhados a essa nação solidária brasileira pelos versos de Alceu Valença”.
Gravado em janeiro na Casa da Música, templo dos concertistas na cidade do Porto, em Portugal, “Valencianas II” dá continuidade ao projeto lançado em 2015, que arrematou todos os prêmios e aplausos de público e crítica desde então. Além de “Tomara” (composição de Alceu e Rubem Valença Filho), o segundo volume de “Valencianas” incluirá músicas como “Dia Branco”, “Como Dois Animais”, “Solidão”, “Na Primeira Manhã”, “P da Paixão”, “Tesoura do Desejo”, “Táxi Lunar” e “Pelas Ruas que Andei”.
“É outro viés, um olhar diferente sobre a minha obra. Isso acontece muito em função do espírito da orquestra Ouro Preto. São músicos jovens que contagiam não apenas pela destreza com que executam seus instrumentos, mas pela maneira com que interpretam as nuances da minha música. E isso passa para a plateia. Quando fizemos ‘Valencianas’ no Porto, o público português levantou-se para dançar em alguns números. Isso é impensável no ambiente da música de concerto. Os arranjos captam com muita sensibilidade os caminhos da música que faço”, arremata Alceu.
Por A.Dayrell