A Benin flerta com a agressividade e intensidade do hardcore com introspecção melódica emocional em suas composições. O disco intitulado “Pluriverso”, projeto que conta com 10 faixas e que apresenta ao público a força e diversidade musical da banda, foi produzido, mixado e masterizado por Leo da Costa. O grupo traz influências de bandas como Hot Water Music, Small Brown Bike, Samiam e Noção de Nada em seu repertório, mas com a aposta de uma mescla diferenciada entre o suave e o pesado, dando a natureza do projeto identidade sonora indiscutível do Benin.
A banda busca a cada verso e refrão, transmitir uma mensagem de estímulo, de superação, sem parecer clichê ou deveras piegas. Entendendo que a música tem a função catártica (no sentido aristotélico) que a Arte e a Estética possuem. Surgindo daí a preocupação em divulgar as ideias do grupo e buscar extrair o que cada um tem de bom a fim de superar nossas mazelas, seja interna, externa ou ambos.
A presença de Luiz Felipe Fabris (voz e baixo) na banda não deixa de ser diferente da entrega emocional e intensa do quarteto. A performance do músico é resultado de uma atmosfera sonora visceral e ao mesmo tempo melódica, que nos envolve em canções sentimentais e reflexivas, acompanhada de um vocal forte e inovador, e linhas de baixo que evidenciam a vontade da banda em fazer um som único e dinâmico.
Conversamos com Luiz Felipe Fabris sobre sua trajetória no Benin, planos futuros, influências musicais, backline, entre outras curiosidades. Confira!
Você e a Benin apresentam uma sintonia e criatividade fora do comum. Como funciona a parceria de vocês como músicos e amigos dentro do projeto? Como começou essa parceria?
R: Sou amigo do Rodrigo Salgado há mais ou menos 20 anos, nossa parceria musical veio antes de fundar o menores atos, ele teve algumas idas e vindas na banda. Quando saí do menores em 2015, começamos a pensar em montar mais um projeto juntos e surge a benin em 2016. Não posso deixar de citar os 2 guitarristas que já fizeram parte da benin, Andrei Aguiar e Fabiano Dias, que foram muito importantes no processo de composição e gravação do nosso álbum de estreia, “Pluriverso”, que assim como o Rômulo Simões e o Ton Beloni, sempre fizeram parte do meu convívio, sempre acompanhei os projetos musicais que estavam envolvidos, inclusive pude tocar com o Ton em 2018 na Incendiall, ali o laço de amizade e parceria só se estreitou. Então posso afirmar com toda certeza que essa talvez seja nossa principal fonte de sintonia e entrosamento, confiamos muito no potencial um do outro e apesar de estarmos envolvidos num projeto que flerta com várias vertentes do punk/harcore, como o próprio grunge e o emo, podemos dizer que cada integrante tem uma escola de influência musical um pouco distinta , o que contribui bastante no processo criativo.
Dentro do cenário do rock, metal e hardcore brasileiro, você costuma acompanhar quais bandas? E sobre as estrangeiras, alguma atual que tenha lhe chamado a atenção ultimamente?
R: No cenário brasileiro existem ótimas bandas, eu poderia escrever uns 10 parágrafos enumerando cada uma delas mas vou falar das que me deixaram sem fôlego, pela criatividade e coragem de ousar, nesse quesito, citaria o El Efecto, o Supercombo e jamais deixaria o menores atos de fora, por achá-los incríveis e por ter feito parte da banda por 13 anos, então tenho um envolvimento de afeto pelos caras, sou um grande torcedor do projeto. Uma banda estrangeira, um pouco mais atual, que me chama atenção pela criatividade e canções certeiras é o Royal Blood.
Que dica você daria a músicos brasileiros da cena, que têm medo de experimentar e inventar coisas novas em suas músicas?
R: Acho que nós músicos deveríamos entender que o processo criativo não tem só a ver com uma técnica super apurada ou virtuosismo e que a vivência musical, principalmente na composição, tem que ser muito mais extensa do que apenas o estilo musical no qual a gente se expressa. A música brasileira, por exemplo, é uma fonte inesgotável de inspiração, ainda temos muito que aprender e beber dessa fonte.
Qual modelo e marca de baixo, cordas e amplificador você usa? Conta pra gente a relação de amor com seu instrumento.
R: Uso um Fender Precision Bass de fabricação mexicana e quando possível, uso o encordoamento D’Addario – Nickel Wound- escala 50/105, uso também um Staner BS-120 velhinho como amplificador para estudo em casa.
Minha relação com o baixo veio de ver meu Pai tocar Bossa Nova no violão, ouvindo a dinâmica de troca dos bordões dos acordes, aqueles graves sempre me tocavam de maneira diferente, daí comecei a pesquisar e me interessar pelo instrumento.
Quais são as suas maiores influências musicais? Pra você qual é o maior baixista e frontman de todos os tempos?
R: Tenho hábito de ouvir muitos estilos musicais, mas vou me ater no rock nessa resposta. Existem vocalistas/compositores que sou muito fã como o John Bunch (Sense Field/Further Seems Forever), Chris Wollard do Hot Water Music, além de nomes icônicos e consagrados no “mainstream” como Kurt Cobain e Freddie Mercury.
Como baixista/frontman, não posso deixar de citar o Sting no The Police e o Phil Lynott do Thin Lizzy.
Suas linhas de baixo demonstram uma combinação de técnica e muita emoção ao tocar. Você sempre compõe e cria as músicas pensando de forma analítica ou elas acabam saindo naturalmente?
R: Eu entendo que na criação do baixo, talvez seja mais emoção do que técnica, fato é que prezo pela simplicidade, apesar de algumas linhas um pouco mais elaboradas, prefiro com o baixo, contribuir com o peso, uma “gordura” nas guitarras e na pulsação da bateria pra dar mais liberdade pro resto da banda se entrelaçar em arranjos e até pras estruturas que crio pra voz terem destaque . Em relação a outra parte, que seria a composição de melodias de voz, estrutura das músicas e composição das letras, acho que esse pra mim pelo menos é um processo que faço com muito cuidado, sempre tentando sair de uma zona confortável ou que já foi muito transitada por mim, então realmente é um processo mais analítico mesmo, porém na forma de se expressar e se comunicar é completamente emocional.
Como a música surgiu em sua vida?
R: A família do meu Pai sempre foi muito musical, alguns tios tocavam percussão, inclusive acordeon, são autodidatas. Tenho um primo formado em música, o Thiago Pires, inclusive, se eu não me engano já foi trompetista de alguns blocos de carnaval do Rio de Janeiro. E meu Pai sempre foi amante da música e o acompanhei na sua busca no aprendizado do violão, foi onde eu conheci a ELAM (Escola de Livre Aprendizado Musical), eu devia ter uns 08 anos, apesar de nunca ter sido muito fã do método formal de aula de música, comecei a me apaixonar pelo convívio no meio musical.
Qual foi o melhor show da história do Benin? conta pra gente.
R: 14 de fevereiro de 2020, no Kubrick (antigo Teatro Odisseia), tocando com Def e menores atos.
Qual é a sua faixa favorita do disco da banda?
R: Posso falar duas? Tacape e Último Terço.
Por acaso estão para lançar algo em breve?
R: Estamos compondo algumas músicas novas e devemos lançar um novo single em breve. Estamos aproveitando a entrada do nosso novo guitarrista, o Ton Beloni pra respirar novos ares e nos encher de ânimo para dar seguimento a composições novas que já estavam sendo trabalhadas e iniciar a estruturar o que o Ton tá trazendo de novo.
Quais os planos para 2021?
R: Estamos nos organizando para produzir um material para uma LIVE, estamos no início da pré- produção de um single novo. A nossa ideia é lançar pelo menos 3 singles novos esse ano e produzir mais material audiovisual.
Confira “Pluriverso”: