Sabe aquele jogador de futebol que sempre se destaca em partidas grandes e decisivas? Fazendo uma analogia com o rock, o U2 seria este jogador, que normalmente faz apresentações ótimas, mas que, quando necessário, entra para a história criando momentos memoráveis.
O Multishow exibirá um destes momentos ao transmitir, neste domingo, dia 13 de março, a apresentação que a banda fez na cidade de Paris, pouco depois dos atentados terroristas que assolaram a capital da França em novembro de 2015.
Não foi a primeira vez que a banda liderada por Bono entrou para a história por realizar apresentações em momentos emblemáticos. Logo no início de 2002, o mundo ainda estava sob o efeito dos atentados de 11 de setembro, os Estados Unidos ainda estava buscando uma forma de superar o acontecimento e, durante o Super Bowl, o maior evento esportivo do país, o U2 foi chamado para fazer o tradicional show do intervalo.
E fez magnificamente, sobretudo ao tocar a canção icônica “Where The Streets Have no Name” e ver uma enorme bandeira aparecer com os nomes de todos os mortos nos atentados. Um momento único.
O show de Paris não perde em nada. Pelo contrário, pois são quase duas horas e meia de uma apresentação perfeita tecnicamente, plasticamente e sensorialmente.
O show é resultado da última turnê da banda, que ainda está em curso e por isso as canções do mais recente álbum são privilegiadas. E merecem ser privilegiadas, pois são a cereja do bolo desta nova tour. “The Miracle (Of Joey Ramone)” abre a apresentação com um coro de mais de 15 mil parisienses. Os shows desta primeira parte da turnê foram todas realizadas em arenas fechadas, por causa da estrutura, sobretudo do telão, que fica suspenso no ar.
O primeiro grande e emocionante momento vem com “Iris (Hold me Close)”, canção que Bono escreve em homenagem à mãe e que é o primeiro registro aberto sobre a sua relação com Iris. O momento é emocionante e as imagens do telão, remetendo ao passado dos rapazes na Irlanda, ajuda na atmosfera.
“Cedarwood Road” vem logo em seguida e apresenta a inovação deste show: um telão suspenso e aberto, onde os integrantes podem ficar dentro dele e serem vistos pela plateia. Algo bem U2.
“Raised by Wolves” é outro petardo sonoro, a mais rock do novo álbum e que traz aquela pegada U2 de sempre: letras simples e com significados.
Do novo álbum ainda tocam a bela “Song for Someone”, e a também bela “Every Breaking Wave”.
Dos clássicos, destaque para a nova versão de “Sunday Bloody Sunday”, meio acústica, com imagens em animação que remetem ao passado, quando Dublin, capital da Irlanda, era uma bomba relógio por causa de problemas religiosos. O U2 sempre busca novos arranjos para esta icônica canção (no primeiro show deles no Brasil, ela foi cantada por The Edge só com violão).
Os grandes momentos da apresentação em paris vieram na parte final do show: primeiro com a canção “Bad”, que possui uma força lírica absurda e que fala de perdas, bem propícia para aquele momento. Logo após “Bad”, Bono emenda “One”, a mais importante (talvez) canção da banda. Uma música que teve a função de unir o grupo (que passava por momentos turbulentos no final dos anos 1980) e que hoje tem a função de unir plateias em prol de uma mensagem única: amar e tolerar.
E por fim, a cena que todos esperavam: a presença do grupo americano Eagles Of Death Metal, que teve seu show interrompido em Paris no dia dos ataques. As mortes dos ataques se concentraram basicamente na casa de espetáculos onde a banda fazia show. Um momento terrível para o grupo, para o público e para a cidade.
U2 em Paris é um show sensorial. Para sentir. Épico do início ao fim, apresenta uma banda em seu melhor momento, o que é raro numa banda já consagrada e com tantos anos de estrada.
Uma apresentação obrigatória.
Por Cabine Cultural