As cantoras Jimin e Seolhyun, do grupo AOA, se envolveram em uma polêmica por falta de conhecimento da história coreana. A mídia e os internautas coreanos teceram duras críticas às artistas após a aparição do grupo em um programa de TV, no último dia 10.
A aparição polêmica foi no reality show “Channel AOA”, atração estrelada pelo grupo do canal OnStyle Live. Em um dos quadros da atração, Seolhyun e Jimin tinham que identificar figuras históricas e escrever seus respectivos nomes em um quadro. A dupla conseguiu nomear a artista Shin Saimdang, do século 16, e o ativista e político Kim Gu, do século 20, no entanto, quando se deparou com a imagem de An Jung-geun, as cantoras não faziam ideia de quem se tratava. An Jung-geun foi um importante ativista da independência coreana, famoso por lutar contra a ocupação japonesa no país e que foi assassinado por Itō Hirobumi, então primeiro-ministro nipônico e governante da colônia coreana.
Aparentemente, nenhum problema até então. Dificilmente, a grande maioria dos brasileiros conseguiria reconhecer apenas pela foto algumas das figuras mais importantes da História do nosso país. No entanto, o assunto da dominação colonial imposta pelo Japão, que foi encerrada no fim da Segunda Guerra Mundial, ainda é um assunto delicado para os coreanos, visto o grande número de tragédias e perdas ocorridas ao povo deste país nesse período. E An Jung-geun é justamente uma das principais figuras que lutaram contra esse domínio e recebeu diversas homenagens após o seu falecimento – semelhante ao que aconteceu com a figura de Tiradentes, na Inconfidência Mineira.
Ao se deparar com a imagem do ativista, Jimin e Seolhyun tentaram buscar na internet em seus celulares, inicialmente sem sucesso. A produção do programa tentou então dar uma dica para as cantoras e informou que era alguém relacionado a Itō Hirobumi, mas a dica também não conseguiu ajudar muito a dupla. Por fim, Seolhyun acabou descobrindo o nome na rede após uma busca mais apurada.
Por fim, o que deveria ser apenas um quadro divertido do programa acabou se tornando uma dor de cabeça para as cantoras. Os internautas se manifestaram após a transmissão, expressando grande surpresa ao perceber que as artistas não conheciam a importante figura histórica. “Não faz sentido algum coreano não conhecer An Jung-geun” e “Se a História é esquecida, o povo coreano não tem futuro”, foram alguns dos comentários feitos sobre o assunto.
A situação tomou tal proporção que a gravadora do grupo, FNC Entertainment, tratou logo de divulgar um pedido de desculpas oficial feito pelas duas garotas, em que elas pedem perdão por “sua ignorância ter se tornado um grande erro”, “não apenas como celebridade, mas como cidadãs da Coreia do Sul”.
Mesmo com o pedido de desculpas, os internautas não baixaram a guarda e continuaram criticando as cantoras. E toda essa polêmica efervesceu justamente quando o AOA estava prestes à lançar seu novo trabalho, o EP Good Luck. No show de lançamento do projeto, a dupla voltou a se desculpar, e chegou a se emocionar ao falar sobre toda a repercussão negativa.
O assunto tem se refletido até mesmo na divulgação do novo disco do grupo. Apesar de ter alcançado boas colocações nas paradas musicais, nos comentários sobre o disco é possível identificar duras críticas ao comportamento das jovens e alguns internautas chegaram até mesmo a sugerir que o lançamento fosse adiado, pela ausência de um momento propício para sua divulgação.
Em contrapartida a tantas críticas, o professor Ju Jinoh, responsável do departamento de História da universidade coreana Sangmyung, veio a público para apaziguar a situação. Segundo ele, pesquisas na Coreia demonstram que grande parte dos estudantes não sabem identificar importantes figuras históricas, tal como Jimin e Seolhyun, e apontou que não era justo crucificar jovens artistas, que muitas vezes abrem mão de seus estudos para se dedicar às suas carreiras. Sabiamente, o professor concluiu dizendo que não era nada animador “ver a sociedade coreana esperar que celebridades, que nem ao menos são funcionários públicos, se comportem como representantes, sendo severamente criticadas por seus menores erros”.
Por ShaKin’ Pop