A cantora neozelandesa Lorde, lançou o seu segundo álbum de estúdio “Melodrama“. Com 11 faixas, o disco é o sucessor de “Pure Heroine” lançado em 2013 e que foi o responsável por colocar ela na mira de todo o mundo e que a deu dois prêmios Grammy como Melhor Performance Pop Solo e Melhor Canção por “Royals”.
Quatro anos depois, “Melodrama” chega às plataformas de streaming e às lojas para compor uma nova história dessa cantora de apenas 20 anos que já tem muitos momentos memoráveis para contar. E é toda essa mudança de jovem que morava nos subúrbios da Nova Zelândia, com os pais e que agora ganhou o mundo e mora sozinha, que ela escreve o novo álbum.
Em entrevista para o PapelPop em Los Angeles, a cantora conta que o álbum foi muito inspirado em músicas agitadas e dançantes, como as da Ciara e outras do começo dos anos 2000. Ela usou esses elementos, misturados à sua essência de batidas minimalistas, coros e a sua voz; e lançou um álbum promissor a ter muitos prêmios à frente.
Com apenas alguns minutos de lançamento, “Melodrama” já alcançou primeiro lugar no iTunes em mais de 40 países e foi o assunto mais comentado no Twitter três vezes com as hashtags “This is Melodrama”, “Melodrama by Lorde” e “Sober” – umas das faixas preferidas dos fãs da cantora.
Em entrevista ao The New York Times, Lorde descreve o álbum fazendo um paralelo a uma festa que possui momentos grosseiros e outros momentos bons. “Como uma festa, há aquele momento em que uma grande música vem e você está em êxtase, e então há aquele momento, mais tarde, onde você está sozinha no banheiro, olhando no espelho, você não acha que está bem e então começa a se sentir horrível”, explica.
Agora faremos um faixa a faixa falando das músicas desse álbum que com certeza entrará para a lista de um dos melhores desse ano.
Green Light
Abrindo o álbum, “Green Light” foi também a primeira música que a Lorde disponibilizou para os fãs que estavam esperando ansiosamente por novidades. A música fala do término de um relacionamento de uma forma muito mais animada e com a reconstrução dela mesma após esse o fim desse relacionamento. É realmente a música para celebrar ser a sua melhor companhia.
Sober
A segunda faixa também havia sido lançada antes do lançamento oficial do álbum e apresentada em seu primeiro show após a turnê de “Pure Heroine” no Coachella. A música possui também uma batida que já conseguimos reconhecer como marca da cantora desde o primeiro disco. Nessa faixa, ela brinca com a melodia e apresenta diversos elementos que fazem a música crescer e brincar com nossos ouvidos.
Homemade Dynamite
“Homemade dynamite” é a explosão que sentimos no começo de um relacionamento. É quando está tudo bom no começo da festa em que Lorde nos coloca. A música começa somente com voz e piano, e cresce para as batidas e para que os coros fazem parte da composição. É mais uma daquelas com que podemos sentir a melodia e dançar, nem que seja um pouco com um ritmo um pouco mais sensual.
Como conhecíamos já a versão ao vivo, ficamos impressionadas com a qualidade e diferença da versão original. Algo muito mais elaborado do que havíamos imaginado e com a melhor parte: a explosão simulada levemente pela própria voz da cantora – o que acabou por deixar a música muito mais autêntica a nível Lorde.
The Louvre
Uma das preferidas de muitas pessoas logo após que “Melodrama” foi lançado. “The Louvre” começa com um violão e a voz seguindo o ritmo da música anterior. A explosão de felicidade em que o casal vive ainda continua. Aqui, o uso do violão e do baixo dão á música uma nova cara às composições da cantora.
Na letra, ela pede pela transmissão da explosão para fazer todo mundo dançar. É o jeito Lorde de indicar que vem mais músicas dançantes em sua festa.
Liability
Uma das faixas que trazem o momento mais “para baixo” em melodia, é também uma das músicas que mais coloca para o mundo a questão de estar bem consigo mesma e não precisar ser algo para alguém, mas sim, ser tudo para você mesmo. “Eu sou um pouco demais para todo mundo”.
Composta com Jack Antonoff, cantor dos Bleachers e um dos melhores amigos da cantora, a música é um passo adiante quando se trata de diversidade musical para Lorde. Ela vai de encontro à uma faixa completamente diferente à vista anteriormente em seu trabalho. A música é toda somente no piano e voz, e os dois fizeram uma apresentação linda para o Saturday Night Live. Confira abaixo:
Hard Feelings/Loveless
Uma das músicas mais incríveis de todo álbum, “Hard feelings/Loveless” fala sobre o término de relacionamento, provavelmente inspirado em seu próprio fim de relacionamento que, segundo ela, a colocou em contato consigo mesma e que a evolui em confiança pessoal.
Esse primeiro momento de término, trouxe para o álbum uma música cheia de elementos que nos levam à uma viagem. A produção da música é ótima dando a todos os instrumentos, batidas e vozes, seu próprio estrelato.
Já na parte de “Loveless”, a música vai para um mundo completamente diferente e muito mais eletrônico e obscuro. Falando sobre a geração que não ama, ela ironiza as relações que são envoltas em enganações de uma forma rápida e com uma letra que joga a realidade dura e vai embora se esvaindo.
Sober II (Melodrama)
“Sober II” é a segunda parte de “Sober”. É quando a festa acaba. É o olhar da pessoa que fica sozinha na casa, olhando as taças de champagne vazias, tendo que limpar toda aquela bagunça. Além do olhar triste para as luzes acessas de uma festa acabada, ela olha para os terrores do mundo.
Essa faixa, juntamente com a parte I, foi justamente quando Lorde percebeu sobre o que o disco seria e qual era o rumo que o álbum iria levar – até por isso que parte do seu nome virou o título do álbum. Como mais uma de suas faixas, é difícil descrever “Sober II (Melodrama)” em termos de música e ritmo, já que ela muda, cresce, nos derruba e nos traz de volta a tempo de nos levar à próxima composição.
Writer in the dark
Você diria que amará seu ex para sempre? Pois é exatamente isso que ela fala em “Writer in the dark”. Seu ex segue em frente com outra pessoa, enquanto ela segue também e diz que tudo ficará tudo bem. Mas, ao mesmo tempo, ela sente nutrirá algum sentimento por ele independente de quanto tempo passar.
A voz e o piano remetem à uma tristeza que, novamente, é nova quando se fala nas músicas dela que já estávamos acostumados a ouvir. O violino acaba por dar o toque final e ela se torna ainda mais bela.
Supercut
Chegando à reta final de “Melodrama”, voltamos a uma Lorde mais animada e com uma batida inicial que chega a remeter as músicas dos anos 80, além de lembrar a primeira faixa “Green Light”. A faixa começa lenta com o piano e cresce com a ajuda de elementos meticulosamente pensados para compor a música.
“Supercut” é como chamam montagens de vídeos em que se pega somente partes de diferentes vídeos para montar um outro, contanto uma história com ajuda de inúmeros cortes. Nesse contexto, ela idealiza um relacionamento perfeito, mas depois vê que é somente um “Supercut”, ou seja, uma ilusão. Se prestarmos bem até mesmo a melodia nas batidas nos remete à essa definição da palavra e envolve a música no contexto, o que a torna muito mais rica.
Liability (Reprise)
Apesar do nome “Reprise”, essa faixa volta a “Liability” com uma proposta de continuar a contar como ela se sente, de todas as mudanças, de dificuldades, de sobre passar pela vida. A faixa é como um interlúdio no álbum e se diferencia musicalmente de “Liability”, criando sua própria voz no mesmo universo.
Perfect Places
“What the fuck are perfect places anyway?” é assim que Lorde termina o seu segundo disco e nos leva ao fim de sua festa. Com uma música que também nos leva a dançar, “Perfect Places” fala sobre a necessidade de alguns de procurar um lugar melhor a partir de bebidas, drogas e sexo. E a mensagem que fica é: não existe lugares perfeitos. Portanto, não adianta procurar soluções e um mundo perfeito a partir dessas coisas.
Escute: Melodrama
Lorde adentrou em um novo mundo com “Melodrama”. É nítida a sua evolução se levarmos em conta todas as variedades que ela nos apresenta. E, não somente como artista, apresentando novas facetas, Lorde cresceu como mulher. De quatro anos para cá, ela passou de “a esquisita” para um dos grandes nomes da música mundial atual. Ter que lidar com isso, com a fama, com seus próprios conflitos e o término de seu namoro, a fizeram entrar em contato consigo mesma, crescer, evoluir e nos trazer mais uma brilhante obra de arte.
Por E.T.C.