Todos nós conhecemos Ariana Grande. Seja pelas músicas ‘Love Me Harder’, ‘Problem’, ‘Side to Side’ ou ‘No Tears Left To Cry’, seja pelo seu icônico penteado, ou pelo seriado Victorious, é impossível ter passado os últimos sete anos sem ouvir falar no nome da cantora.
Porém, isso não é tudo pelo que Ari é conhecida: a artista é uma das celebridades que mais se manifesta pelo direito das mulheres e demais minorias, sendo um ícone feminista que todos deveriam observar.
Por meio de seus shows, entrevistas e comentários nas redes sociais, fica claro que a voz de ‘Dangerous Woman’ está disposta a empoderar mulheres e combater o machismo. Em mais de uma oportunidade, ela chamou a atenção de seus fãs e da mídia para a forma como as mulheres são subjugadas e objetificadas pela sociedade, dando um ótimo exemplo para o seu público, formado principalmente por jovens garotas, as quais têm um bom exemplo a se espelhar.
E o feminismo corre no sangue de sua família: em 2016, em uma entrevista para a revista Grazia, ela contou que vem “de uma longa linhagem de mulheres ativistas”, incluindo sua tia, a jornalista Judy Grande.
“Eu sinto como se tivesse que carregar seu legado”, disse Ariana à publicação. “Eu sinto como se fosse minha responsabilidade continuar essa luta”.
Isso significa, além de denunciar o machismo quando o vê, falar sobre a importância do feminismo e o que ele significa. E veja: não é sobre ódio aos homens ou que há um jeito ‘certo’ de ser feminista.
“Eu sou uma mulher então eu encaro a minha cota desigualdade, misoginia e ignorância diariamente”, contou a cantora à Grazia. “Um monte de mulheres pensam no estereótipo que vem com a palavra ‘feminismo’. Mas não existe um só tipo de feminismo. Você pode ser uma feminista que faz o cabelo e a maquiagem, você pode ser a feminista que corta o cabelo e não se maquia. Aquela que faz muito sexo ou a que não faz. Não há um limite”.
Não há limites, pois o feminismo é sobre a liberdade da mulher em ser e fazer o que e quando quiser, da forma como quiser. Ari entende isso e faz questão de reforçar esse discurso sempre que pode.
Como quando ela rebateu comentários feitos na internet sobre seu corpo ou como expressa sua sexualidade. No final de 2016, ela comentou no Twitter como se sentiu objetificada por um fã de seu ex-namorado, o rapper Mac Miller, que disse ao ídolo que entendia o motivo de ele estar “transando” com ela.
“Eu fiquei quieta e me senti ferida desde aquele momento. Coisas assim acontecem o tempo todo e contribuem com o medo e o sentimento de inadequação das mulheres. Eu não sou um pedaço de carne que um homem utiliza para seu prazer”, escreveu a cantora.
E se você acha que isso não condiz com a imagem sensual de Ariana em seus clipes e apresentações. Ela tem uma resposta para isso também.
“Expressar a sexualidade não é um convite para o desrespeito. Assim como vestir uma saia curta não é pedir para ser assediada. São escolhas das mulheres. Nossos corpos, nossa música, nossas personalidades… Sensuais, que gostam de flertar, divertidas. Não é um convite aberto. Vocês estão, literalmente, dizendo que se nós tivermos uma certa aparência, nós somos suas. Mas nós não somos. É nosso direito de expressão”, concluiu.
— Ariana Grande (@ArianaGrande) 28 de dezembro de 2016
seeing a lot of “but look how you portray yourself in videos and in your music! you’re so sexual!” …. please hold.. next tweet… i repeat — Ariana Grande (@ArianaGrande) 28 de dezembro de 2016
expressing sexuality in art is not an invitation for disrespect !!! just like wearing a short skirt is not asking for assault.
— Ariana Grande (@ArianaGrande) 28 de dezembro de 2016
Women’s choice. ♡ our bodies, our clothing, our music, our personalities….. sexy, flirty, fun. it is not. an open. invitation. — Ariana Grande (@ArianaGrande) 28 de dezembro de 2016
You are literally saying that if we look a certain way, we are yours to take. But we are not !!! It’s our right to express ourselves. ♡
— Ariana Grande (@ArianaGrande) 28 de dezembro de 2016
As pessoas realmente se preocupam com a forma como ela expressa sua sexualidade, pois esse é um tópico que vive se repetindo nas redes sociais. Pelo Facebook, um rapaz disse que a artista “parecia uma vagabunda” no clipe de ‘Dangerous Woman’. Obviamente, ela não deixou o comentário passar batido. “Quando as pessoas vão parar de se ofender pelas mulheres mostrarem sua pele/expressarem sua sexualidade?”, rebateu Ari. “Os homens tiram a camisa/expressam sua sexualidade no palco, em vídeos, no Instagram, onde quiserem o tempo todo. O padrão duplo é entediante e cansativo. Com todo o respeito, acho que é melhor você tirar sua cabeça da bunda. As mulheres podem amar seus corpos”. E elas podem amar seus corpos exatamente como eles são, sejam magros, gordos ou de qualquer tamanho. Pois assim como a sexualidade da artista é policiada, seu corpo também é. Quando ela viu seu corpo ser comparado ao da atriz Ariel Winter, a voz de ‘Dangerous Woman’ fez questão de ensinar a todos uma lição. “Vivemos em uma época em que as pessoas tornam impossível para que mulheres, homens e qualquer pessoa abracem quem são. Diversidade é sexy. Amar a si mesmo é sexy. Você sabe o que não é sexy? Misoginia, objetificação, comparações e body shaming. Falar sobre o corpo das pessoas como se elas estivesses em exibição pedindo por sua aprovação/opinião. Elas não estão! Celebre você mesmo. Celebre os outros”.
here we go again…. Sure I’m not the only 1 feeling this way today!! in case you need a reminder, you’re beautiful🌬 pic.twitter.com/OPQIgzroEI — Ariana Grande (@ArianaGrande) 2 de novembro de 2015
Outro problema muito bem observado por Ariana Grande? Como a mídia sempre liga as mulheres com os homens com quem se relacionam, reduzindo-as a “namorada/noiva/esposa de alguém”, esquecendo que a vida delas não gira em torno de seus parceiros.
“Estou cansada de viver em um mundo onde mulheres são sempre referidas como a ex, atual, ou futura propriedade de um homem. Eu… não. Não pertenço a ninguém além de mim mesma. E nem você pertence a ninguém além de si mesma”.
Além disso, um lembrete: chega de julgar mulheres por terem o mesmo comportamento que os homens. Elas têm o mesmo direito a serem livres, tanto quanto os caras (2018 e ainda é preciso dizer isso).
“Se uma mulher transa muito (ou apenas transa), ela é uma ‘vadia’. Se um homem transa… Ele é o maioral. O rei. Se uma mulher fala de sexo abertamente, ela é envergonhada! Mas se um homem fala, ou faz um rap abertamente sobre todas as mulheres (ou, mais frequentemente, as ‘vacas’) com quem ele já saiu, ele é aplaudido. Se uma mulher é vista com um amigo com um pênis, imediatamente assumem que eles estão tendo um romance ou estão indo para a cama e ela é rotulada! Se um homem é visto com uma mulher… O status dele é elevado/celebrado. Sei que todos vocês reconhecem que esse duplo padrão e a misoginia ainda sobrevivem. Mal posso esperar para viver em um mundo onde as pessoas não são valorizadas por com quem elas estão saindo/casadas/relacionadas/transando (ou não)/vistas, mas por seu valor individual”.
— Ariana Grande (@ArianaGrande) 7 de junho de 2015
Quero dizer, eu poderia continuar aqui listando mais e mais motivos pelos quais Ariana Grande é uma heroína feminista, mas vou encerrar com um argumento que julgo importante: a cantora entende que embora o machismo costure as experiências das mulheres no mundo todo, cada uma delas o vivencia de formas diferentes. Isso quer dizer que mulheres negras, latinas, trans, lésbicas, bissexuais e de diferentes origens e identidades sentem a discriminação de forma desigual em relação às mulheres brancas. Isso não significa que exista uma espécie de “Olimpíada de opressão”, mas que é preciso ressaltar essas diferenças, a fim de que possamos combater todos os tipos de preconceito. Em 2016, com Victoria Monét, Ari lançou ‘Better Days‘, uma música feita em protesto contra a morte da população negra pela polícia americana. E em 2017, a cantora compareceu à Marcha das Mulheres e fez o seguinte pedido: “Nós somos muito mais fortes e barulhentas do que o ódio, a ignorância, o machismo, o ageísmo, a homofobia, a transfobia, o body shaming, o slut shaming, o preconceito, a discriminação de todas as formas, a condição patriarcal e as expectativas retrógradas de como uma mulher deveria ser. Estou orgulhosa das/inspirada por todos que marcharam hoje, e agradecida pela quantidade de pessoas que estão celebrando o quão brilhantes e mágicas as mulheres são de verdade! Vamos manter nossas vozes altas, apaixonadas e pacíficas! Vamos continuar a ser fortes umas pelas outras e a nos elevarmos! Vamos continuar conectadas na nossa divindade!”
Por Prosa Livre em parceria com o Midiorama