Foi na sexta-feira, 2 de fevereiro, que Justin Timberlake lançou sua versão de ‘homem da floresta’. Cinco anos após o lançamento do The 20/20 Experience (2013), ele anunciou a chegada do Man of the Woods com um vídeo promocional e uma afirmação; a de que seria o álbum mais pessoal de toda sua carreira. Sua capa trás o cantor nos trajes que já estamos familiarizados, uma roupa elegante monocromática, dividido por outro totalmente desconhecido, vestindo uma camisa xadrez e jeans. A mesma, por si só, já nos mostra um pouco dessa dualidade que o trabalho nos oferece.
O álbum começa com o single ‘Filthy’, e sua sonoridade não trouxe novidade. A batida R&B, pop-funk é característica do ex integrante da falecida ‘N Sync. Inclusive, introduz um aspecto futurista ao álbum. Ele é representado por um robô no clipe da música. O tom dicotômico do álbum se mostra aí.
O segundo single lançado foi ‘Supplies’. A história narrada é de um cara e uma garota vivendo em “The Walking Dead”, que vêm acompanhada das batidas de funk modernas e envolventes, e que também não eram jogadas desconhecidas do presidente do pop. No entanto, seu clipe mostra o cantor se aproximando de causas sociais, ao mostrar-se contra Trump, usando sua imagem como referência de algo preconceituoso.
O tal ‘homem da floresta’ veio emergir um pouco depois, com o lançamento de ‘Say Something’. A música tem o violão no centro ditando o compasso da melodia. Instrumentos de percussão também ganham força nessa faixa. Nesse ponto, nos afastamos do robô apresentado em ‘Filthy’. Em parceria com o cantor Chris Stapleton, JT se aproximou da sonoridade que escolheu se arriscar: country.
Todas as faixas do álbum são bem trabalhadas de forma que captamos em essência o cantor que, em 2018, busca se reinventar. O cara tem muitos talentos e aptidões, a música é apenas uma das maneiras em que ele contribui com a Arte. Ator, diretor, produtor, dublador, empresário. JT tem uma personalidade que chama o perfeccionismo. Há que se reparar que, em suas apresentações, todos os aspetos são entregues de forma impecável. O figurino, a colocação da big band, os interlúdios, coreografias, iluminação. O cantor segue um alto padrão de arquitetura de show. Com esses dados em mãos, afirmamos o caráter experimental desse disco que fechou uma boa cotação.
Durante as 16 faixas do álbum encontramos e desencontramos Justin Timberlake. Vemos um artista acertando sem trazer novidades e se arriscando em elementos desconhecidos em seus álbuns. “Man of the Woods” sai um pouco do insistente dance que ecoa desde os tempos de ‘SexyBack’, e explora o potencial dos instrumentos de corda e percussão. Inclusive o folk apresentado na faixa-título é extremamente envolvente e te faz querer cantar junto. ‘Wave’ tem as palhetadas invertidas do violão pulsando forte durante toda a faixa, uma sonoridade estrangeira também.
Outra faixa que trás renovo para os álbuns de JT é ‘Morning Light’, com a participação de Alicia Keys. A balada lenta abre espaço para os vozeirões dos dois. ‘Midnight Summer Jam’ e ‘Breeze Off The Pond’ valorizam as palhetadas na guitarra além da batida e soam bem parecidas com Daft Punk. Em alusão a “promessa” de que esse álbum seria muito pessoal, encontramos o interlúdio ‘Hers’ narrado por sua esposa, Jessica Biel e a última faixa do álbum, ‘Young Man’, que trás em sua narrativa o diálogo entre pai e um filho pequeno.
Certamente o presidente fez o que falou. Começou sua carreira na música através de uma boy band, se tornou um dos maiores discípulos de Michael Jackson e agora mergulha no country. O disco soa com muitos contrastes de sons, mas não é Justin isso tudo junto e misturado? Sem dúvidas após esse disco, o título de maior discípulo de MJ quem porta é Mars.
Por Letycia Miranda, do On Backstage