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“Creed II” triunfa e se consagra como o legado definitivo de Rocky Balboa


Em continuação, Michael B. Jordan e Sylvester Stallone mostram como se cria um campeão

Após o que se imaginava ser o fim da franquia do maior pugilista da história do cinema em “Rocky Balboa” (2006), Sylvester Stallone mostrou que não desistiu de continuar seu legado, mas ao mesmo tempo enfrentou com honra o peso das décadas que se passaram desde a estreia de “Rocky, um lutador” (1976) e a consequente necessidade de passar o cinturão dos campeões para frente. “Creed” (2015) causou um misto de nostalgia e certa estranheza aos fãs quando foi anunciado e provou ser não só digno de continuar o legado criado pelo lendário boxeador do cinema, mas de trazer um novo tom para a história sem perder sua verdadeira essência, e não havia pessoa melhor para o posto do que Adonis Creed (Michael B. Jordan), filho e herdeiro do maior rival e amigo de Rocky (Sylvester Stallone), Apollo Creed (Carl Weathers), morto em “Rocky IV” (1985). Nada mais justo que de uma das maiores tragédias da saga de Rocky surgisse o novo campeão, e é esse o foco de Creed II, dirigido por Steven Caple Jr., demonstrar como um novo campeão nasce e se consagra.

Não é difícil ver as semelhanças que existem entre o enredo de Rocky IV, e Creed II, considerando que os eventos do primeiro filme servem de combustível para o novo capítulo da história do jovem boxeador. Ao ver o filho de Apollo Creed se tornar campeão dos pesos pesados, Ivan Drago (Dolph Lundgren), vilão de “Rocky IV”, ressurge junto de Viktor Drago (Florian Munteanu), seu filho, desafiando o norte americano pelo cinturão, mas durante o filme Creed precisa aprender a lidar com o fato de que além de ser um campeão, agora ele tem uma família com Bianca (Tessa Thompson) e será pai. Ao mesmo tempo Adonis vai precisar descobrir o quanto a morte de seu pai o afetou, e quais são seus próprios objetivos como lutador.

Apesar de ter clichês e repetir uma fórmula de enredo já bem presente na franquia, “Creed II” merece o mérito por conseguir, apesar de tudo, se reinventar. O filme traz uma carga dramática e profundidade dos personagens que foi poucas vezes tão bem explorada na saga, ao mesmo tempo que fecha aspas que ficaram abertas desde o fim de “Rocky IV”, ou seja, 33 anos. Vale ressaltar que, Ivan, originalmente um vilão raso e previsível, se tornou, junto a Viktor, um vilão perigoso e humano, deixando incerto sobre como vai ser o desfecho da história e deixando o espectador sem saber como se sentir em relação aos dois personagens.

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Ao mesmo tempo, Sylvester Stallone consegue resgatar um Rocky Balboa traumatizado e descrente com tudo o que ocorreu no passado, enquanto Michael B. Jordan visivelmente não poupou esforços para mostrar uma evolução de seu personagem em todos os sentidos, revelando inclusive, na CCXP 2018, que chegou a “apanhar” de Florian Munteanu no set durante as gravações das lutas.

Inclusive, as lutas de “Creed II” são como a divulgação do filme promete. Carregando o espírito apoteótico das lutas de Rocky Balboa, mas com um tom bem mais realista e sangrento como o mostrado desde “Rocky VI”, as lutas são muito bem coreografadas e filmadas, com destaque para as partes em que os lutadores entram na arena, fazendo ótimo uso da direção de fotografia do filme e criando a atmosfera perfeita. Nesses aspectos o filme talvez traga a luta mais brutal e dolorosamente realista de todos os 8 filmes da franquia, entre Creed e Drago, o que é um ponto bastante positivo.

Já no que diz respeito ao uso da trilha sonora, até certo momento do filme ela se faz praticamente imperceptível, mas repetindo o feito do filme anterior a voz de Tessa Thompson é novamente muito bem explorada em algumas cenas. Em certos pontos do filme a trilha é importante para mostrar de forma sutil que um novo Creed nasce nesse filme, abandonando lentamente o tema clássico de Rocky Balboa, ainda presente em “Creed”.

“Creed II” pode não ser um filme extremamente elaborado ou que reinventa a roda, mas é com certeza um marco na saga dos maiores pugilistas de todos os tempos, marcando o nascimento de outro notório boxeador, trazendo conflitos reais e palpáveis, revelando que o filme na verdade não fala só de si, mas de cada personagem e da necessidade que todos tem de superar a si mesmos, transformando conflitos individuais na maior luta a ser vencida no filme, assim como na vida real.

O filme estreia amanhã, dia 24 de janeiro, nos cinemas

Por Tuiki Borges


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