O paulistano Criolo deixou, mais uma vez, sua marca no Circo Voador. Cantou diversos sucessos e levou a plateia ao êxtase, mesmo embaixo de chuva. Abrindo o primeiro de dois dias de shows, 22 e 23 de fevereiro, o cantor misturou canções de todos os ritmos nos quais vem trabalhando ao longo de sua carreira, o pop rock, o samba, o hip-hop e claro, o rap. Um show enérgico, um culto a cultura popular, um verdadeiro refresco a cabeça e ao coração em dias de conservadorismo exacerbado.

A abertura com Quebrada Queer e Apuke Beat iniciou o tom de resistência na noite. Em seguida, Criolo pisou no palco com ‘Boca de Lobo’, canção que dá nome a sua atual turnê e cujo videoclipe é um resumo caótico do desleixo político com a sociedade, um retrato de amargos fatos (vale assistir). Entre uma música e outra “Viva, salve Criolo!” grita seu amigo de longa data, DJ DanDan, que também divide o palco com os multi instrumentistas Bruno Buarque, Dudinha e Daniel Ganjaman. Ovacionado em diversos momentos, Kleber Cavalcante Gomes – o Criolo, retorna em nova formação, também com as canções antigas, mas sempre atuais.

“O Rio de janeiro é solidário” disse em referência ao kilo de alimentos não perecíveis solicitado na opção de ingresso meia-entrada solidária e que serão destinados aos moradores do Vidigal e Rocinha (comunidades afetadas pelas últimas fortes chuvas no Rio).

Um show intercalado com diálogo marcante com o público, em que frases como “forjar heróis para manter um povo sem voz”, “orgulho de ser quem somos” e “teu corpo é um ato político”, desaguaram num batuque improvisado de “ele não”. Reverberado com vontade pelo público presente, o cantor confirmou que “a música só existe quando existe conexão com as pessoas”, palavras também ditas por ele.

Estávamos com saudades das noites transformadoras com essa potência de energia que vem abraçando o público desde a primeira turnê. Com ‘Étera’, canção também nova e nunca antes apresentada ao vivo, Criolo se completa e faz show emblemático.

Por Bianca Ferraz (@biancaferrazn)