Tem algo mais atual que “Brasil” de Cazuza? Trinta e três anos depois de lançada, a canção ainda é – infelizmente, o retrato de um país sem rumo, acossado por preconceitos, desigualdades e corrupção. É nesse país, ao qual ainda se soma hoje a calamidade da pandemia, que “Brasil” volta a tona, resgatada em uma nova gravação pelo cantor pernambucano Almério e por Ney Matogrosso.

A música chegou ao streaming neste domingo, dia em que Cazuza completaria 63 anos. Originalmente parte do álbum “Ideologia”, a nova versão tem produção musical e arranjos de Pupillo. A concepção do projeto e o convite para Ney, vieram da produtora Ione Costa. Foi ela também que convenceu o artista pernambucano a mergulhar na obra e na poesia do ex-vocalista do Barão Vermelho.

Almério lembra de seu primeiro contato com a música de Cazuza: “Era 1993 quando meu irmão, de mais idade do que eu, começou a trabalhar em Caruaru e lá ele comprou o primeiro CD: era uma coletânea de Cazuza. Dois anos depois conseguimos comprar um discman e eu ficava lendo e relendo o encarte com as letras, imaginando a força dele. Um cantor, compositor, poeta do Rio de Janeiro, cenário dos filmes, novelas, livros e músicas que eu consumia, quase inalcançável pra mim. A música do Cazuza veio me beijar e me salvar, atravessando horizontes pra descansar meu coração numa cidade perdida no mapa do planeta”.

A nova versão de “Brasil” fará parte do próximo álbum de Almério, “Tudo é amor”. O repertório é composto pelas canções do compositor carioca falecido em 1990, e traz entre outros colaboradores o produtor Marcus Preto. O próximo single a ser lançado, ainda antes da chegada do álbum será “Amor Amor”, composta por George Israel e Roberto Frejat.

Por A.Dayrell