Benin flerta com a agressividade e intensidade do hardcore com introspecção melódica emocional em suas composições.
O grupo formado por Luiz Felipe Fabris (voz e baixo), Rodrigo Salgado e Fabiano Dias (guitarras) e Rômulo Simões (bateria), segue promovendo seu último lançamento, o disco intitulado “Pluriverso”, projeto que conta com 10 faixas e que apresenta ao público a força e diversidade musical da banda.
O álbum que foi produzido, mixado e masterizado por Leo da Costa, traz influências de bandas como Hot Water Music, Small Brown Bike, Samiam e Noção de Nada em seu repertório, mas com a aposta de uma mescla diferenciada entre o suave e o pesado, dando a natureza do projeto identidade sonora indiscutível do Benin.
“Pluriverso” fala sobre o que é inquietante dentro de nós, sobre um o vasto universo de sentimentos e emoções que apesar de nos causar feridas, com suas cicatrizes profundas, pode nos servir de energia motriz para nos renovar, como o ciclo dos ventos que despeja o que nos sufoca e torna a encher nossos pulmões de ar. A banda busca a cada verso e refrão, transmitir uma mensagem de estímulo, de superação, sem parecer clichê ou deveras piegas. Entendendo que a música tem a função catártica (no sentido aristotélico) que a Arte e a Estética possuem. Surgindo daí a preocupação em divulgar as ideias do grupo e buscar extrair o que cada um tem de bom a fim de superar nossas mazelas, seja interna, externa ou ambos.
Conversamos com a banda sobre sua trajetória, influências musicais, processo de composição e criação, entre outras curiosidades. Confira!
De onde surgiu o nome “Benin?
Benin, do francês “abençoado”, significa luta, resistência, avanço contra uma Indústria cultural alienadora, contra uma sociedade de consumo desprovida de ideais libertadores e sonhos, contra o avanço do neofascismo e toda forma de opressão através de nossas letras, melodias e instrumental agressivo. Dentro da trajetória histórica de nosso país, marcado pelas profundas desigualdades sociais, pelo Racismo estrutural, Homofobia, Machismo, dentre outras formas de opressão, a palavra Benin nos remete a um passado de luta e sofrimento no qual buscamos superar a atual apatia através da mais pura vontade de potência. Dessa forma, acreditamos no poder catártico da música como forma de expurgar todas nossas ansiedades e tristezas. Certamente, nossa mensagem é a expressão mais sincera do que sentimos e, a partir disso, transmutamos esses sentimentos, ora tristes, ora iracundos, ora esperançosos, em sons, letras e melodias.
Como e quando a banda surgiu?
A banda surgiu a partir da reunião entre dois ex-integrantes e fundadores da banda “Menores Atos” em meados de 2016. No momento, o Felipe Fabris estava saindo da “Menores Atos” e, ao se reunir com Rodrigo Salgado numa conversa despretensiosa, decidiu dar forma às composições que ambos possuíam e começaram um novo projeto, o que se transformou na Benin mais tarde.
A banda segue promovendo seu último lançamento intitulado “Pluriverso”. Como foi o processo de composição e gravação dessas faixas?
Geralmente, nossas composições partem de um “riff” inicial e, a partir dele, vamos construindo o campo harmônico de nossas músicas. Após essa construção da harmonia inicial, partimos para o desenvolvimento da melodia e das letras, buscando sempre adequar o sentimento que elas transmitem ao instrumental criado. Para a gravação do “Pluriverso” (2019), escolhemos trabalhar com o Léo Costa por considerá-lo um excelente produtor musical. Além do bom gosto, ele é um excelente músico e nos ajudou bastante na definição dos timbres e arranjos em nossas músicas. Ao ouvir as faixas com atenção, todos perceberão as diversas camadas sonoras que buscamos solidificar em nossas músicas, pois a Benin sempre buscou fazer um trabalho instrumental com esmero, buscando elementos e efeitos que dialoguem com a canção. Nesse ponto, a ajuda do referido produtor foi central, pois o mesmo soube acrescentar e retirar elementos de forma cirúrgica, o que enriqueceu ainda mais nossas composições.
O disco foi muito bem recebido nos de sites de música especializada do país. Como a banda está vendo esse feedback tão positivo do material lançado?
Sim! O álbum “Pluriverso” teve uma excelente recepção pelos sites especializados e uma boa resposta nos shows. Acreditamos que estas se deram devido ao esmero que tivemos com nosso álbum e com a sinceridade transmitida pelas nossas composições e apresentações. Tal recepção nos proporciona muitas alegrias e estímulo para continuarmos com nosso projeto. Podemos afirmar que, apesar das conjunturas nada favoráveis, estamos num momento muito profícuo com nosso trabalho.
Suas músicas demonstram muita intensidade e entrega por parte da banda. Existe alguma composição que seja mais especial para vocês?
Sinceramente, todas as dez faixas carregam o orgulho e carinho que temos com o nosso álbum. Inclusive, existe um porquê do encadeamento das faixas na sequência do trabalho, seja pela mensagem, seja pela atmosfera que procuramos criar. Diante disso, fica muito difícil escolher somente uma composição. De qualquer forma, se colocarem uma arma na minha cabeça, eu escolheria a faixa “Reconsidere”. (rs)
Quais as bandas e fontes artísticas que inspiram o som do Benin?
Temos inúmeras inspirações, de Hot Water Music a Lenine, entre outras fontes artísticas. É importante ressaltar que somos uma banda que busca uma identidade musical dentro da nossa proposta sonora, mas não abrimos mão das referências artísticas que cada um traz consigo, pois consideramos que a trajetória musical de cada integrante e suas experiências com música enriquecem nossas composições.
Como vocês estão lidando com a pandemia de covid 19? Que tipo de interação a banda está tendo com o público nesse momento de pandemia?
Bem, demoramos um pouco para aprendermos a lidar com uma nova rotina imposta pela COVID-19 e, consequentemente, pela inépcia do nosso (des) governo em combater a pandemia. Sabemos que o setor de entretenimento e shows estão passando dificuldades extremas e isso agrava ainda mais quando somos uma banda independente. Além disso, nossos integrantes tiveram que se adequar aos novos desafios laborais em seus respectivos trabalhos, o que gerou uma ansiedade no início, mas fomos trabalhando isso com calma e buscando uma forma de tirarmos proveito dessa situação delicada. No momento, nossa interação com o público está mais focada nas redes sociais e na divulgação do nosso álbum.
Podemos esperar material inédito em breve?
Sim! Estamos trabalhando em novas composições para o lançamento de músicas novas, gravação de uma Live e um possível videoclipe.
Quais os planos para 2021?
Ainda é um pouco complicado conjecturarmos acerca de planos para 2021, pois ainda estamos na pandemia, sem um plano nacional de vacinação coerente e com um crescimento exponencial dos casos de novas infecções devido ao COVID-19. Todavia, como respondido na pergunta anterior, estamos trabalhando em novas composições com a esperança de que tudo se “normalize” até o segundo semestre de 2021. Apesar disso, seguimos trabalhando na divulgação do nosso álbum e em novas composições para futuros singles.
Confira “Pluriverso”:
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