Falso documentário. Um gênero dentro do cinema que ganhou fama, sobretudo após o estrondoso sucesso de “A Bruxa de Blair“, terror de 1999, que custou uma ninharia e arrecadou milhões de dólares. Esse gênero retorna às telas para tentar ganhar uma sobrevida, e coincidentemente o filme que terá esta função é novamente “Bruxa de Blair“, a continuação direta daquele filme.
Sim, ao falar continuação direta deixamos claro que a sequência realizada pela franquia, cointitulada “O Livro das Sombras”, nada traz da atmosfera deste aqui e do original. O que isso traz de novidade para o filme de 2016?
Novidade alguma, muito pelo contrário. A atmosfera é a mesma. Os personagens soam parecidos. A dinâmica é igual. O desfecho, idem. O que mudou foi o mundo, e com ele a tecnologia. Se antes era a chamada câmera na mão, hoje são micro câmeras, e Drones, e GPS… os cuidados são muito maiores, porém não adianta nada e entramos na sala de cinema sabendo disto já.
O filme – A nova história se assemelha bastante com a original. Um grupo de jovens, liderado pelo irmão de uma das personagens que sumiram no primeiro filme, decide explorar a floresta de Black Hills, em busca de novas pistas que os levem a ter respostas sobre o acontecido décadas atrás. James, o líder, ainda tem esperança de encontrar sua irmã, Heather, protagonista do primeiro filme, 17 anos depois.
E tais esperanças aumentam com o surgimento de uma nova pista na internet, que o leva a uma dupla de moradores locais. Eles se oferecem para guiar o grupo na floresta, formando assim três duplas, seis personagens. Todos eles saem em busca de pistas no coração da floresta amaldiçoada.
Bruxa de Blair é isso: jovens destemidos, câmera na mão, uma lenda urbana e caminhada floresta adentro. Tudo isso junto traz como resultado uma história que cresce com o passar dos acontecimento e que culmina numa sequência que de fato é bastante aterrorizante, principalmente se o espectador conseguir fazer o trabalho de se imaginar naquela cena: numa floresta escura, com ruídos estranhos, acontecimentos bizarros e muita chuva. E ainda, o ápice, quando o grupo encontra a tal casa (não pode-se dizer que é um spoiler, pois já vemos estas cenas nos trailers).
O estilo, que parecia morto, o da câmera em primeira pessoa, volta a ser usado bem, mas com certo exagero, o que até é compreensível, já que hoje em dia eles têm condições de levar dezenas de câmeras para o lugar, produzindo assim várias tomadas. Parece mais com um filme, neste sentido.
O terror continua o mesmo. Primeiro com o clima da floresta, que é aterrorizante. Depois com os acontecimentos, principalmente os ocorridos pela noite, que são de deixar o espectador sem ar. E por fim as sequências do desfecho, que trazem uma luz para entender a mitologia por trás da Bruxa de Blair, e que ainda deixa um final um tanto em aberto, com brechas para mais sequências, o que acho até difícil acontecer por agora.
No fim das 1 hora e vinte minutos (algo assim), “Bruxa de Blair” diverte, no sentido de ser um entretenimento bem interessante. Claro que não possui aquele poder que o original um dia teve. Os tempos são outros. Porém quem gosta dos gêneros (o de terror e o de falsos documentários) vai se sentir bastante satisfeito ao final da história.
Por Cabine Cultural