zoom

Classiqueira: será mesmo o fim do Black Sabbath?


Uma das mais importantes bandas do heavy metal tem mais 40 anos de carreira, dezenove discos lançados, diversas formações, colecionou polêmicas, viveu intensamente o jargão “sexo, drogas e rock’n’roll”, e em 2015 anunciou seu fim, iniciando uma turnê de despedida no ano seguinte.

O Classiqueira tem um desafio nas próximas linhas… falar da história do Black Sabbath. Seria necessário dividir em algumas partes, ou ao menos por período, mas decidi fazer um copilado neste último artigo do ano, para encerrar esta edição com um toque especial.

A banda que deu origem ao consagrado Black Sabbath dos dias de hoje, começou despretensiosa lá em 1966, quando os músicos Ozzy Osbourne (ex-Rare Breed), Bill Ward (ex-Mithology), Geezer Butler(ex-Rare Breed), Tony Iommi (ex-Mithology) e Jimmy Phillips iniciaram um projeto chamado Polka Tulk Blues Band. Mais tarde houve a adição do saxofonista Alan “Aker” Clarke, e a abreviação do nome para apenas “Polka Tulk”. Após a saída de Clarke e Phillips, os membros remanescentes resolveram trocar o nome da banda para Earth, e incluíram no repertório covers de Jimi Hendrix, Blue Cheer, Cream e The Beatles.

Posteriormente, outra troca fez-se necessária: dessa vez do nome da banda; pois já existia uma banda com esse mesmo nome – Earth – então, o nome foi sugerido por Butler, extraído do filme “I Tre Volti Della Paura” (As Três Máscaras do Terror – 1963), exibido nos EUA e Inglaterra com o nome de Black Sabbath, dirigido por Mario Brava. A trama trazia uma trilogia de contos de terror independentes, baseados em textos dos escritores Aleksei Tolstoy, Ivan Chekhov e F.G. Snyder.

Em 1968, em Birmingham, o consagrado Black Sabbath começou a tomar forma.  Com seus principais integrantes: o compositor e guitarrista Tony Iommi, o baixista e letrista Geezer Butler, o vocalista Ozzy Osbourne e o baterista Bill Ward. Essa é considerada a formação clássica da banda durante 10, de seus mais de 40 anos de carreira, que foi repleto de trocas de integrantes – com apenas o guitarrista Iommi sendo o único presente em todas elas -, desavenças, hiatos e inclusive a saída de Sr. Osbourne em 1979, devido a seu vício em álcool e uso constante de outras drogas. Na época, Ozzy foi substituído por Ronnie James Dio, antigo vocalista do Rainbow.

1970-black-sabbath

Foi em 1970 em contrato com o selo Vertigo que o grupo lançou seu auto-intitulado Black Sabbath (1970), considerado um dos discos mais importantes para o surgimento e desenvolvimento do Heavy Metal até hoje. Dele conhecemos um dos hinos mais aclamados, “Black Sabbath”, “The Wizard” e “N.I.B.”. Para muitos, foi o surgimento de um rock mais original, tanto no sentido sonoro, sendo mais pesado, denso e distorcido; quanto no que se refere às letras, com temas de histórias de terror e ocultismo, além de usar guitarras com baixa afinação. Apesar desses temas serem comuns, eles também compunham canções que tratavam de instabilidade social, corrupção política, os perigos do abuso de drogas e profecias apocalípticas resultantes de guerras.

Naquele mesmo ano, foi lançado o segundo disco Paranoid, que alcançou um sucesso tremendo. Até hoje é o maior sucesso comercial do grupo e aparece em diversas referências sobre música e heavy metal, de suma importância como base do estilo, angariando para o Black Sabbath milhares de fãs em todo o mundo, graças a canções como “Paranoid”, “Iron Man”, “Electric Funeral” e “War Pigs”. Com este trabalho, o grupo foi além da atmosfera sombria das músicas e abordou temas como horrores sobrenaturais, traumas da vida real de morte, holocausto nuclear, doenças mentais, alucinações, inclusive sobre a guerra do Vietnã, como temas mais maduros. “War Pigs”, por exemplo, é uma crítica a políticos considerados responsáveis pelos horrores da guerra, e “Iron Man” tem um texto puramente de ficção científica.

As linhas de composições sempre inovadoras, a característica principal do terceiro disco de trabalho lançado em 1971 Master of Reality, foi a forma de Iommi tocar sua guitarra em dó sustenido (um tom e meio abaixo da afinação tradicional), assim como Butler no baixo. Essa mudança, segundo declaração do guitarrista, foi feita por dois motivos: para se adaptar ao estilo vocal de Ozzy e para dar um som mais pesado para a sua música. Dele temos os singles “Sweet Leaf”, “Children of the Grave” e “After Forever”.  Foi, provavelmente, o disco mais obscuro da banda, porém o que alcançou sucesso notável. Este trabalho, junto com o Black Sabbath e Paranoid, são considerados álbuns que influenciaram na criação do doom, stoner e sludge metal.

De 1972 a 1975 a banda trabalhou assiduamente, lançaram Vol. 4 de 1972, que trouxe a primeira de várias alterações no som da formação, devido a uma clara influência do rock progressivo. Destaques para a balada “Changes”, onde Osbourne canta acompanhado por piano e cordas, e a evolução sonora com “Tomorrow’s Dream”, “Snowblind” e “Supernaut”. Em 1973, a banda publica Sabbath Bloody Sabbath, álbum com a atmosfera caracterizada pelo rock progressivo ainda mais visível, principalmente entre as canções “Spiral Architect” e “A National Acrobat”, mas ainda faltava o “clássico”, que veio com músicas como “Sabbath Bloody Sabbath” e “Killing Yourself to Live”. Sendo outro grande sucesso na história do grupo.

Neste período, houve uma série de acontecimentos na banda. Todos os membros tiveram sérios problemas de dependência de drogas, em especial Ozzy e Ward que, após a admissão do cantor, fizeram uso de LSD todos os dias por mais de dois anos. Uma mudança de gravadora (de Vertigo para a Warner), que acabou atrasando o lançamento do seu novo álbum: Sabotage, saindo somente em 1975, e musicalmente falando, é um dos álbuns mais variados do grupo, alternando as canções de heavy metal até canto gregoriano e pop rock.

Ozzy deixou o grupo devido a morte do seu pai, além dos problemas derivados da sua dependência de álcool e drogas já impagáveis em 1977, após a turnê de Technical Ecstasy, disco lançado em 1976. Os integrantes que ficaram chegaram a experimentar durante alguns meses com o cantor Dave Walker (ex-Fleetwood Mac), seguido pelo momentâneo regresso de Osbourne para o lançamento de 1978, o álbum Never Say Die!.

Mesmo seguindo a proposta do disco anterior, a resposta do público foi relativamente negativa, apesar de apresentar boas músicas como “Junior’s Eyes” e “Hard Road”. É conhecido como um dos piores álbuns da formação, sendo a faixa-título, a única a desfrutar de uma boa popularidade entre os seus fãs.

Os conflitos eram constantes e em 1979. Ozzy foi despedido de vez por causa de sua tendência para o abuso de drogas e álcool. Após a saída do vocalista, a banda não mais teve uma formação sólida, atingindo muitas vezes, o ponto de instabilidade e apresentando vários músicos durante os próximos anos (entre 80 e 90). Dentre eles: Ronnie James DIO de 1980 a 1982 [que você confere o legado aqui],  Ian Gillan de 1983 a 1984. Houve período de reuniões para novos lançamentos com DIO de 1992 a 2005. O Heaven and Hell sai em turnê de 2006 a 2009. E também Glenn Hughes, Ray Gillen e Tony Martin, assim como vários bateristas e baixistas.

Foi em 24 de janeiro de 2011,que Mr. Ozzy finalmente declarou que ele e seus ex-companheiros estavam em processo de discussão sobre uma possível reunião e de gravação de um novo disco de estúdio: intitulado apenas 13, em Junho de 2013 e contou com Iommi, Butler e Osbourne.

black_sabbath_2013_trio-1570064

E em 24 de setembro de 2014, o vocalista Ozzy Osbourne declarou ao Metal Hammer que o Black Sabbath começaria a trabalhar em um novo álbum de estúdio no início de 2015 com o produtor Rick Rubin, e que iriam promovê-lo com uma turnê final. Contudo, um ano depois, o mesmo veio a confirmar que não gravariam outro álbum.

Em setembro de 2015, o Black Sabbath anunciou que faria sua turnê de despedida em 2016, chamada The End Tour. A turnê foi iniciou em janeiro deste ano nos Estados Unidos, no Nebraska, passando por vários países como Nova Zelândia e Austrália, e contou com disco The End vendido em edição limitada. A turnê foi muito esperada pelos brasileiros, passando pelo país para diversos shows,  sendo um dos mais esperados do ano.

Por Sarah Ferrer, revisão Paula Alecio, da Imprensa do Rock


Deixe seu comentário


Envie sua matéria


Anexar imagem de destaque