Os shows do Maroon 5 no Brasil foram inegavelmente um sucesso. Dos ingressos esgotados até os estádios lotados cantando em coro todas as músicas do começo ao fim, setlist cheia de hits, Adam Levine cantando “Garota de Ipanema” no Rio, essa passagem da banda correspondeu a todas as expectativas de uma turnê brasileira desse porte. Em meio a tantos comentários nas redes sociais, existe um outro aspecto da turnê digno de nota: a banda de abertura, Dashboard Confessional.

A banda, nessa turnê, fez shows curtos e discretos se comparados à megalomania do Maroon 5 no auge do mainstream, mas esbanjou a mesma simpatia peculiar de sempre e o vocalista Chris Carrabba, que veio pela segunda vez ao Brasil, até aproveitou a oportunidade para ostentar seu crescente conhecimento de palavras em português. Na pista, as pessoas observavam o show caladas mas com simpatia, oferecendo suas luzes de celular. Por todos os lados, as pessoas comentavam nem saber o nome da banda, ao mesmo tempo em que vez ou outra alguém reconhecia uma música.

Nesse sentido, para uma banda que na sua cena é reconhecida pela tradição de shows intimistas nos quais o coro da plateia é tão importante quanto o violão acústico de Chris, a experiência de assistir os shows da turnê do Maroon 5 é, no mínimo, destoante. A própria experiência anterior do Dashboard aqui no Brasil em 2013 foi muito diferente; shows pequenos e lotados por um público apaixonado em clima de nostalgia e catarse coletiva (em São Paulo teve até show extra). Na ocasião, o músico comentou que vir ao Brasil era como voltar às origens do Dashboard, ao tempo em que a banda ainda não tinha músicas creditadas em filmes e não fazia shows em grandes arenas. Assim, se da primeira vez o Brasil foi a volta às origens e ao sentido do projeto, essa vez foi exatamente o contrário.

Contudo, se por um lado a forma do show foi inusitada para os fãs do Brasil, por outro lado, a setlist foi um verdadeiro tributo à própria banda, que acaba de retornar às atividades após um hiato. Com músicas do primeiro CD, The Swiss Army Romance, de 2000, passando por todos os álbuns da banda até uma música inédita, o show foi, ao mesmo tempo, uma celebração para os fãs e quase que um portifólio do que é o Dashboard para os outros 45 mil presentes que não sabiam quem estava abrindo para o Maroon 5.

Enfim, Carrabba e a simpatia que lhe é inerente parecem ter conquistado o público brasileiro. A banda, apesar de fora do seu habitat natural, parecia genuinamente feliz com a turnê e com o novo público. Resta esperar o álbum novo e a próxima vinda, já prometida.

Por Ana Carolina Cartillone / Portal BuzzPop