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Depeche Mode compensa longa espera com show memorável em São Paulo


Após 24 anos, o Depeche Mode voltou ao Brasil com um show inesquecível!

Um show para lavar a alma e renovar a fé na música. Após um hiato de 24 anos, o Depeche Mode fez um belo mea culpa com o público brasileiro e entregou uma apresentação impecável. O mau tempo determinou o dress code da noite: munido de capas não tão fashion assim, o pessoal não se importou com a chuva e bateu ponto no Allianz Parque, que da devoção ao futebol, cedeu lugar ao culto a boa música.

Quem chegou cedo, curtiu o aquecimento com Gui Boratto, multi-instrumentista, produtor e um ótimo mestre de cerimônias, afinal, segurar a ansiedade pré-show de um público sedento não é fácil. Com uma sonoridade que transitava por momentos mais agitados e outros mais sóbrios, mostrou um eletrônico orgânico e fez os iniciados no estilo se esbaldarem e os iniciantes, se depararem com uma grata surpresa.

A chuva ainda caía leve quando sem atraso, o Depeche Mode tomou o palco, para loucura dos presentes. Afinal, muita gente boa já nem devia mais contar com um show da banda por aqui, após tanto tempo. Pois bem, não somente teve, como o Brasil foi incluído no roteiro da Global Spirit Tour, que trabalha o álbum mais recente, “Spirit” (2017). E claro que o show só poderia começar apresentando-o devidamente, o que ficou por conta de “Going Backwards”, que revelou a intimidade do pessoal com o material novo do DM.

Daí em diante, o repertório não trouxe surpresas em relação ao que a banda mostrou pela tour sulamericana, e quem deu aquela conferida nos setlists anteriores, já esperava por um show épico, onde o grupo fez um passeio pela carreira, sem deixar nenhum momento de fora. “It’s No Good”, “Useless”, “Precious”, “World In My Eyes”, são exemplos da consistência da trajetória do DM, que materializados ao vivo, seguraram o pessoal todo o tempo, sem espaço para dispersão.

A música é o componente principal em uma banda, e no caso do DM, sua alma é sem dúvida Martin Gore. Mas não pode passar em branco a presença de palco e o carisma do frontman, Dave Gahan. Em uma performance que jogou com a sensualidade, explorada em movimentos de dança, no gestual, e em sua voz inconfundível, foi um espetáculo a parte vê-lo em ação, inclusive regendo o público em vários momentos. Além disso, vale a menção ao cuidado estético com os clipes exibidos ao longo do show, complementando as músicas e criando a narrativa visual que reforça o quanto o som de Dave e cia. é para se deixar levar em todos os sentidos do corpo.

O público fez um espetáculo a parte, deixando a própria banda sem acreditar no que via. Era notável a satisfação dos músicos com a entrega do pessoal que cantava tudo, até quando não tinha letra, como em “Home”, onde o pessoal vocalizou as linhas de guitarra da música, em um ôôÔ regido por Gore e Gahan. Foi bonito de ver também a satisfação com uma das antigas, “Everything Counts”, de 1983, comemorada assim que seus primeiros sintetizadores ecoaram.

E a partir dela, a banda guardou na manga um desfile de hits, fechando o show com a trinca matadora “Stripped”, “Enjoy The Silence” e “Never Let Me Down Again”. O que poderia ser o fim, era apenas uma preparação para o bis, que teve uma bela e intimista versão ao piano de “Strangelove”, cantada por Martin Gore, com a ajuda de uns milhares de pessoas. De arrepiar! Uma hora infelizmente teria que acabar mesmo, e o clássico “Personal Jesus” foi o arremate para uma noite memorável, que muita gente até agora não deve acreditar que viveu. Quando o assunto é Depeche Mode, we just can’t get enough…

Por  ZIMEL


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