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Emicida: rimas e consciência no Circo Voador


Emicida se apresentou no último sábado (11), no Circo Voador

No último show no Rio de Janeiro, Emicida lotou um Circo Voador que explodia de gente. Tudo bem que era um evento gratuito e o artista, na crescente positiva de sua carreira, não faria diferente. Porém, no último sábado, o rapper voltou ao mesmo lugar que consagrara da última vez e novamente encheu a lona do Circo. Não se esgotou a capacidade como da última vez, mas o Circo respirava ansioso por mais uma apresentação de Leandro Roque de Oliveira.

Após uma abertura muito interessante e agressiva do rapper também paulista Kamau, Emicida invadou o palco às 1h30 e, depois da Intro, entregou a agressiva “Boa Esperança”, incendiando o Circo Voador e começando a apresentação com o pé direito. Na fase inicial do show, também foram destiladas as ótimas “Bang!”, “Gueto” e a incrivelmente tocante “Mãe”. Com discursos corretos e interessantes, Emicida destilou todas as mazelas e dificuldades de ser negro no Brasil (e no mundo), séculos de exploração da raça, marginalização pela cor, etc. Tudo muito consciente e tudo muito bem falado. Sem discursar pelos cotovelos ou sem desentender as posições defendidas. Um dos grandes trunfos do rapper.

A dupla “Madagascar” e “Hoje Cedo” ganham muita carga orgânica, haja vista que o paulista carrega consigo, para esse ponto da carreira, uma banda inteira ao invés de somente um DJ com pick-ups. Com ótimos timbres e escolhas de instrumentos e músicos parecendo ter sido feito a dedo, Emicida engrandece sua apresentação com esse apuramento. Outro grande momento da apresentação é o cover de “Quero Me Encontrar”, de Cartola, que traz o sentimento do samba escondido também na sua carga musical.

Mas Emicida, rapper na essência, faz da parte final de seu show um grande ode ao estilo, destilando músicas como o pot-pourri “Zica, Vai lá/Nóiz/Triunfo”, a incrível “Mandume” (inclusive com a participação de Drik Barbosa ao vivo, destilando uma das rimas mais agressivas e impactantes do álbum todo) e o cover improvisado e de muito bom gosto de “Nosso Sonho”, de Claudinho & Bochecha. O encore continuou a agressão com “E.M.I.C.I.D.A.”, “Rinha”, “Levanta e Anda” e terminou quase duas horas de show com Salve Black.

Em mais uma passagem triunfante do rapper paulista no Rio de Janeiro, a legião inabalável de fãs mais uma vez compareceu e fez coro aos versos cheios de críticas sociais de Emicida em um formato que sofistica de uma forma muito interessante o viés musical do artista. É aguardado o retorno do artista em breve, pois o mesmo ainda tem muita lenha pra queimar, música e liricamente.

Por Luiz Mallet, da ZIMEL


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