Eles não saem em turnês, não gravam discos, não se apresentam em festivais, não vão aos nossos programas de entrevistas favoritos e sequer existem no mundo real. E, ainda assim, são icônicos! Conquistaram o público e, por vezes, até enganaram quem achou que eles existiam mesmo na vida real. Confira agora dez das melhores bandas fictícias do cinema e da televisão.
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01 – The Wonders (That Thing You Do!)
Uma banda que ameaçou a hegemonia dos Beatles nos anos 60, ascendendo de um show de talentos numa pequena cidade da Pensilvânia até o topo das paradas de sucesso. Os garotos da banda The Wonders chegaram ao número #7 da Bilboard Hot 100 com “That Thing You Do”, hit que conquistou fãs mundo à fora e bateu recordes mais rapidamente do que qualquer outro single na história da gravadora Playtone – que conquistaria ainda mais glórias, talvez, se o grupo não tivesse se desmembrado no auge do sucesso, ficando conhecido, para sempre, como uma banda de um hit só. Se você, fã de música, não lembra desses acontecimentos, tão simbólicos na história do rock americano, o motivo é muito simples: nada disso aconteceu de verdade.
Lançado em 1996, “The Wonders: O Sonho Não Acabou” nunca foi uma biografia musical sobre os quase-Beatles-americanos, uma vez que eles sequer existiram. Jamais houve um baterista chamado Guy Patterson ou um vocalista topetudo batizado de Jimmy Mattingly. Nunca tivemos um Mr. White transformando bandas amadoras de cidade pequena em produtos comerciais na Playtone. Isso porque a banda The Wonders, infelizmente, nunca aconteceu fora do roteiro de Tom Hanks, uma ficção tão bem bolada e convincente que abocanhou indicações ao Oscar e Globo de Ouro na categoria “Melhor Música Original” por “That Thing You Do”.
02. Stillwater (Almost Famous)
Não é que não tenha existido uma Stillwater de verdade… Quem curte um southern rock dos anos 70 sabe que uma banda americana se intitulou assim durante nove anos, fazendo demasiado sucesso com a música “Mind Bender”, que chegou ao top #46 da Billboard em 1977. O problema é que, infelizmente, não é dessa Stillwater que a gente gosta e lembra de imediato ao ouvir a palavrinha que dá nome à banda. Cá entre nós, gostamos mesmo é da mistureba que saiu da mente de Cameron Crowe para o filme “Quase Famosos”, lançado no ano 2000 – quando uma banda de rock fictícia, comandada pelos atores Jason Lee e Billy Crudup, se mostrou convincente a ponto de mobilizar fãs e admiradores aqui no mundo real.
Cameron Crowe pegou um pouquinho de cada banda de rock que conheceu enquanto jornalista da revista Rolling Stone para criar a Stillwater e torná-la perfeita aos nossos olhos – e ouvidos, é claro. Com canções originais, escritas com a colaboração de Peter Frampton, essa banda de mentirinha coleciona referências grandiosas. Foram as discussões entre Jimmy Page e Robert Plant, do Led Zeppelin, por exemplo, que inspiraram as incontáveis tretas entre Russel e Jeff no filme. Vale ressaltar que até Gregg Allman ajudou a inspirar o caos interno da banda, cuja pseudo-veracidade engana fácil um espectador desavisado sobre a sinopse. Diante da qualidade da Stillwater de Crowe, nosso único desejo foi estar no lugar do jovem William Miller, nem que fosse para subir no ônibus e cantar “Tiny Dancer” com aqueles caras cabeludos.
03. Sex Bom-Omb (Scott Pilgrim Vs The World)
Um típico rockão de garagem, com guitarras pesadas, um contrabaixo intenso e vocais medianos, pontuados por errinhos e gracinhas aqui e acolá. Ninguém liga muito, no entanto, para a qualidade musical da banda Sex Bom-Omb, uma vez que: 1) Ela foi fundada sem maiores expectativas e começou fraquinha, só chamando a atenção quando derrotou Todd Ingram em uma batalha; 2) O nome dela referencia um personagem da série de games Super Mario, o que já concede uns pontinhos a mais no quesito nerdeza, sem requerer muito esforço por parte dos músicos envolvidos e 3) Ela não existe.
Embora apareça no last.fm e você consiga ouvi-la feliz da vida no Spotify, a Sex Bom-Omb nada mais é do que uma obra de ficção canadense. Elemento primordial da graphic-novel de Bryan O’Malley e da adaptação cinematográfica intitulada “Scott Pilgrim vs The World”, essa divertida banda de garagem é composta por Scott (Michael Cera), Stephen (Mark Webber), Kim (Alison Pill) e, às vezes, Neil (Johnny Simmons) – um grupo de amigos que, além de fazer um som dentro de casa, compete em batalhas musicais um tanto quanto peculiares. Se você, aliás, acreditou por um minuto que a Sex Bom-Omb poderia ser real, não custa nada enfatizar: nas batalhas, as ondas sonoras são como golpes e poderes que, a propósito, criam formas visíveis e quase físicas, transformando o show em uma arena de videogame.
Quer dizer… Por mais legal que seja, claro que é de mentirinha né, migos?
04. Sadgasm (The Simpsons)
São as paixões fulminantes que movem o rock n’ roll – e a prova disso é banda Sadgasm, pioneira do grunge, que nasceu de um término pra lá de sofrido. Como muitas histórias, essa começa com um coração partido: abandonado por Marge, que foi para a faculdade e começou a namorar um professor, o jovem Homer Simpson decidiu recrutar os amigos Lenny, Carl e Lou para afogar as mágoas e curar as feridas – com estilo e, claro, muito barulho! Assim surgiu, na cidade de Springfield, um dos grupos mais famosos de todos os tempos (cof, cof), que se transformou em um fenômeno nacional, ditou os parâmetros da música grunge e chegou a ser absurdamente plagiado por bandinhas menores, como Nirvana e Pearl Jam.
A Sadgasm – ou Tristorgasmo, no bom e velho português – fez seu primeiro show na faculdade e teria alcançado a glória com seus hits poderosos e originais, não fossem os problemas internos que, eventualmente, viria a separá-los. Quem conheceu as poucas composições da banda, entre elas “Margerine” e “Brain Freeze”, sabe que talento era o que não faltava àqueles carinhas amarelos, mas nem mesmo isso impediu que a Sadgasm se desmembrasse de forma precoce e cada um dos músicos seguisse um caminho diferente. Enquanto Lou, por exemplo, vestiu a farda policial de Springfield, a dupla Lenny e Carl optou por investir naquele 1% vagabundo que conhecemos tão bem por essas bandas (você quis dizer Wesley Safadão). Homer Simpson, por sua vez, teve a carreira interrompida por uma difamação da MTV, que anunciou na época um falso envolvimento do vocalista com drogas. Nosso querido Homer não foi capaz de reverter o boato e voltar aos palcos, mas conseguiu algo ainda mais importante: recuperou o coração de Marge, teve três crianças, arrumou um emprego e se tornou o personagem mais querido da Fox, em todos esses anos. Sendo assim, a Sadgasm, que nunca existiu de verdade, fica valendo como um excelente episódio e mais um exemplo das paródias geniais de “The Simpsons”.
05. Mouse Rat (Parks and Recreation)
Com um álbum intitulado The Awesome Album – que leva o selo de “álbum 100% incrível” segundo os próprios músicos – a Mouse Rat, anteriormente conhecida como Scarecrow Boat, saiu do anonimato e ganhou fama com suas canções nada convencionais. A banda fez sucesso com o público durante as sete temporadas de “Parks and Recreation”, tirando boas risadas de quem acompanhava a série.
“Por quê o nome Mouse Rat?”, você pergunta. O que acontece quando uma música faz você cantá-la durante o dia inteiro? Segundo os membros da banda, é porque ela te infecta como um vírus. Como um rato. Como Scarecrow Boat, o rato estava confinado em um estilo de música. Como Mouse Rat, eles continuam a produzir melhores versões do mesmo material. E como diria Andy Dwyer, guitarrista e vocalista da banda, o som deles é “literalmente” de explodir a cabeça.
06. Marvin Berry And The Starlighters (Back To The Future)
Este poderia ser apenas mais um grupo de black music nos anos 50, mas a relação entre Marvin Berry e seu primo, Chuck, mudaria para sempre os rumos da história da música. O que uma bandinha, no entanto, que tocava, em 1955, em um simples baile de formatura tem a ver com isso? De acordo com “De Volta Para o Futuro”, foi ela quem apresentou ao icônico Chuck Berry os riffs de guitarra que se tornariam a clássica música “Johnny B. Goode”. Tudo aconteceu exatamente na formatura da escola de Hill Valley, quando um garoto chamado Marty McFly subiu no palco, pegou a guitarra e começou a fazer coisas inacreditáveis com ela (chocando o público, ‘que não estava preparado para aquilo, mas cujos filhos amariam’). Marvin ficou encantado e não pensou duas vezes antes de ligar para Chuck e colocá-lo para ouvir – e mal sabiam eles que a música tocada por Marty era, de fato, “Johnny B. Goode”, de Chuck Berry.
Uma pena que essa fantástica aventura é apenas parte do roteiro do filme de Robert Zemeckis. Aqui na vida real, Marvin Berry and the Starlighters nunca existiu e Chuck não aprendeu a música quando a ouviu pelo telefone. Até hoje, no entanto, fica a confusão: Marty aprendeu a tocar a música de Chuck Berry, que aprendeu quando ouviu Marty pelo telefone, mas Marty que aprendeu com Chuck ou Chuck que aprendeu com Marty? Confusões típicas de viagens no tempo…
07. School Of Rock (School Of Rock)
Pra quê matemática ou inglês se você pode estudar a boa e velha história do rock?
Após ser expulso de sua antiga banda, o guitarrista Dewey Finn vê em uma turma do ensino fundamental a chance de voltar aos palcos. Tudo que ele deve fazer é ensinar a turma a usar seus talentos musicais latentes para, juntos, vencerem a batalha das bandas e provarem que conseguem fazer rock. Sabe aquela velha história do cara que finge ser professor e acaba se apaixonando pela turma? Tudo muito bonito, pena que não passa de ficção.
A “School of Rock”, desenvolvida para um filme homônimo, lançado em 2003 e estrelado pelo ator e cantor Jack Black, conquistou fãs ao redor do mundo ao mostrar que você pode lutar pelo que acredita – ainda mais se tiver um pouco do espirito rebelde do rock and roll aí dentro. Tudo isso, é claro, ao som de clássicos como Led Zeppelin, David Bowie, The Doors, Deep Purple e muitos outros, sem deixar de lado sua originalidade, que engloba as habilidades individuais de todos os membros.
08. Steel Dragon (Rock Star)
Chris Cole era um admirador fanático do Steel Dragon, a ponto de montar sua própria banda tributo em homenagem ao grupo. Sua dedicação foi tanta que, um dia, Chris foi convidado a fazer um teste para se juntar à banda dos seus sonhos, se tornando, da noite para o dia, uma nova estrela do rock. Após uma turnê de shows nos Estados Unidos, em meio a muito sexo, drogas e rock and roll, Cole acabou descobrindo que, fatalmente, todos descobrem algun dia: a vida do estrelato e o sonho tão almejado não eram bem o que ele imaginava.
Lembram daquela história, sobre o cara que conseguiu tudo que ele sempre quis e depois largou a banda dos seus sonhos? Provavelmente não, pois isso nunca aconteceu na vida real – pelo menos, não com Chris Cole. Apesar de ter um álbum completo, com 13 faixas ao todo, Steel Dragon é uma banda fictícia criada para o filme “Rock Star” (2001), estrelado por Mark Wahlberg e Jennifer Aniston. Trata-se de um trabalho em conjunto, realizado por grandes nomes do cenário musical, como Jeff Scott Soto, Jeff Pilson, Zakk Wylde, Jason Bonham e Miljenko Matijevic, que emprestou sua voz e agudos inalcançáveis a Wahlberg no longa. O resultado não poderia ser outro, senão uma coletânea de aclamadas músicas que chegaram até a tocar nas rádios roqueiras ao redor do mundo.
09. Spinal Tap (This is Spinal Tap)
O ano era 1984, auge do hard rock e heavy metal, quando a indústria cinematográfica lançou o documentário “This is Spinal Tap”. A obra tinha como objetivo apresentar aos fãs do gênero um outro lado da vida de um astro do rock – o que foi feito através da banda Spinal Tap, sucesso entre o público no início dos anos oitenta. O único problema foi que, diferente do que muita gente acreditou ao assistir ao filme, nem o documentário, nem a banda eram reais! Tratava-se de um “mockumentário”, uma paródia que satirizava o comportamento e as ambições de bandas da época, bem como as tendências utópicas dos documentários então produzidos.
Depois de atingir o status de cult, o filme promoveu também a banda que, mesmo não existindo pra valer, lançou três álbuns: This is Spinal Tap no mesmo ano; Break Like the Wind em 1992; e Back from the Dead em 2009. Não é à toa que muita gente acreditou durante anos, diga-se de passagem, que eles fossem de verdade.
10. Drive Shaft (Lost)
De um pub na rua Oldham, em Manchester, para o sucesso internacional – e tudo isso graças a um único single, que estourou nas paradas de um dia para o outro e deu à banda muito mais glória do que seus membros tinham maturidade para lidar. Para quem assistiu “Lost”, a premiada e aclamada série de televisão da rede americana ABC, o cenário em questão pode soar bastante familiar. Isso porque, fundada em meados dos anos 90 pelos irmãos Charlie e Liam Pace, a banda inglesa Drive Shaft exemplifica um caso clássico, que se repete à exaustão: quando o motivo da derrocada de artistas bem sucedidos é, justamente, o sucesso que os consagrou.
A Drive Shaft fez duas turnês de mentirinha, nas quais o público pagou apenas para ouvir “You All Everybody” ao vivo – uma vez que esse foi o único hit que a banda emplacou, para a tristeza do nosso amado Charlie. A tentativa de bombar os novos trabalhos do grupo foi prejudicada pelo vício em heroína entre os membros da banda – aqui entre nós, aliás, a Drive Shaft chegou muito perto do fundo do poço, só voltando a ter alguma visibilidade após o acidente da Oceanic Arlines, onde um dos membros fundadores viajava e acabou, supostamente, morrendo. Sagaz, a banda aproveitou a comoção da tragédia para lançar um “Greatest Hits” que a fez estourar novamente e voltar ao estrelato da noite para o dia. Vamos combinar: é uma história que, não fosse um monstro de fumaça preta, até que podia passar como verdadeira, não é, não?
Menções Honrosas:
Hep Alien (Gilmore Girls); The Chipmunks (Alvin e Os Esquilos); Weird Sisters (Harry Potter); Sonic Death Monkey (Alta Fidelidade); The Beets (Doug Funnnie); Os Impossíveis (Hanna-Barbera).
Por Uber7