O site A Ilha do Metal sempre é convidado para entrevistar as principais bandas que passam em turnê pelo Brasil e muitas vezes as fazemos muito próximo aos shows e acaba não saindo a tempo. Muitas ainda se encaixam muito bem. A partir desta semana, iremos lançar algumas, começando com a lenda do thrash metal Exodus.
A primeira entrevista fizemos um dia antes antes da estreia de Steve Zetro Souza no Brasil, em outubro de 2014, e junto com Gary Holt e Tom Hunting falamos do então CD que sairia em alguns dias, o Blood in Blood Out, a bay area e outros temas.
Abaixo a primeira Entrevista:
A ILHA DO METAL – Hey Zetro, primeiro de tudo bem vindo de volta e bem vindo ao Brasil!
Steve “Zetro” Souza – Ohh, obrigado cara, realmente estou muito ansioso por tudo que está acontecendo.
A ILHA DO METAL – Tenho seis perguntas para vocês: o Exodus é uma das lendas do thrash metal mundial e estão interligados com Exodus, claro, Testament e Slayer, que são da região da Bay Area, onde o thrash explodiu, após todos esses anos. Vocês se lembram do que ouviam para criar o estilo thrash metal?
Gary Holt – Po, na época éramos apenas jovens que ouvíamos Iron maiden, Judas Priest, a New Wave of British Heamy Metal, mas também Motorhead, Exploited e sons assim, como se colocássemos tudo numa caixa. E simplesmente aconteceu esse som.
A ILHA DO METAL – E como vocês veem a diferença no estilo thrash americano, que praticamente padronizou com os alemães Sodom, Destruction e Kreator, já que no início, musicalmente, eles seguiam o padrão “Fast as the Shark”, do Accept?
Gary Holt – Sabe, eu acho os alemães muito fodas e, quando se fala em Big 4, que, dizem, devia ser Big 5, eu acho que simplesmente o pessoal esquece as bandas alemãs. Eu não acho que eles seguiram o estilo da música, mas pegaram uma outra linha, principalmente dos vocais e sons mais nervosos sabe…
Tom Hunting – Concordo contigo (Gary Holt), bem por ai mesmo..
Steve “Zetro” Souza – Eu acho que os alemães arrebentaram, exemplo disso o Kreator, quando surgiu com um som diferente para o metal. Até Gary já disse. E temos Destruction, Sodom, eles também foram demais no início.
Gary Holt – Eles são demais, são grandes bandas, mas talvez tivemos um pouco mais de sorte que eles, comercialmente falando. Mas é interessante que nesse tipo de conversa eles não são citados e deveriam.
Steve “Zetro” Souza – Eu acho isso porque tínhamos mais bandas na Bay Area, New York, Los Angeles e até em Chicago existiam algumas bandas. Então acabou gerando isso. E na Alemanha, não tivemos esse número de bandas, tipo umas 13 como nos Estados Unidos e lá temos as três que conhecemos. Algumas que ficaram de fora, como o Violence, entre outras, como Testament, Death Angel, como você citou, o Possessed e acho que nisso o fator geográfico da Bay Area pesou um pouco.
A ILHA DO METAL – Blood in Blood Out será lançado em 10 de outubro. Qual a expectativa e como trabalhar com música hoje, já que sabemos que não se compra música como na época em que começaram?
Tom Hunting – Será lançado dia 14.
Steve “Zetro” Souza – Acho que dia 10 na Europa e dia 14 nos Estados Unidos, que seja, será nessa semana (risos).
Gary Holt – Poxa, ninguém vende mais como antes, já que tem muita gente que apenas faz o download ou no itunes, mas eu ainda me vejo como um adolescente e quero o álbum físico, sabe? Poxa, tinha aquela expectativa da primeira vez que ouvia e se seria ou não o álbum da minha vida e hoje em dia já se ouviu algo online e diferente, por exemplo, de quando ouvi Back in Black pela primeira vez. Mas agora temos que fazer uma tour maior e assim continuamos na música.
A ILHA DO METAL – Sobre o clássico Bonded by Blood, Steve entrou no meio da turnê e gravou na sequência o Pleasures of the flesh. Poderia nos contar sobre essa época?
Gary Holt – Basicamente, éramos jovens, bêbados, com sangue nos olhos.
Steve “Zetro” Souza – Aquele era completamente “louco”, todo mundo louco. Lembro dos meus primeiros cinco ou seis shows que os pedais no palco balançavam de um lado para o outro. A plateia completamente alucinada e os promotores desesperados com a plateia quase destruindo o pit de segurança. Nós novos não sabíamos como lidar com aquilo e não sabíamos se era uma roda ou uma briga e os seguranças tiravam as pessoas pensando que estavam se agredindo.
Gary Holt – Tenho historias que é melhor nem contar kkkk
Steve “Zetro” Souza – Ele toca no Slayer, destroi toda noite, para milhares de fãs, melhor não mesmo kkkk
Gary Holt – Teve um lugar em Chicago, que fomos proibidos de tocar por anos, pois convidávamos todo mundo a subir no palco.
Tom Hunting – Aquilo era doido, após os shows, os caras nos cumprimentavam, as mulheres nos puxavam e, lógico, era uma época boa.
A ILHA DO METAL – Temple of the Damned é outro clássico e marcou o retorno do Steve.
Gary Holt – Mas vejo diferente, não haverá outro Bonded by Blood ou um Kill ‘Em All no Metallica, definimos ali, eles foram únicos. Claro que sempre tentamos fazer o melhor e hoje temos tanta banda, de death metal, thrash metal, black metal e esses clássicos serão únicos.
Tom Hunting – Sabe de uma verdade? Nessa época nós não tínhamos um contrato com gravadora, éramos amigos e acreditávamos na música e, acreditando na músicas, às vezes pode ser ruim para a banda. Para mim foi uma zona, entende? E depois que gravamos, o tempo mostrou que estávamos certos.
A ILHA DO METAL -) Meu tempo acabou, obrigado e enviem uma mensagem aos fãs convidando para os shows de São Paulo e Rio de Janeiro.
Gary Holt, Steve “Zetro” Souza e Tom Hunting – Obrigado vocês! Se preparem, chegamos.
Nesta semana voltamos a conversar com o carismático Steve “Zetro” Souza sobre a nova tour, em sete cidades, falamos também sobre a não vinda de Gary Holt ao Brasil e como ele estava se sentindo estando com o Exodus há mais de um ano.
A ILHA DO METAL – A primeira pergunta desta vez é sobre seu retorno ao Exodus. Agora, mais de um ano depois e após o sucesso de Blood in Blood Out, como você viu sua volta?
Steve “Zetro” Souza – Muito bem!!! A cada dia estou mais feliz em ter voltado. Hoje eu me acho um vocalista bem mais forte, eu amo o fato de estarmos em turnê todo o tempo, encontrando os fãs, isso pra mim é o máximo. E nesta fase está tudo ótimo, meus filhos já cresceram e não tenho que me preocupar com outra coisa. Agora em uma turnê só me preocupo com a música.
A ILHA DO METAL – Quantos shows vocês fez na volta do Exodus?
Steve “Zetro” Souza – Fizemos 170 shows, tocamos em todos os lugares e o próximo será o de número 171.
A ILHA DO METAL – Blood in, Blood out atingiu melhor posição na Billboad em toda carreira do Exodus. O que fez deste disco um sucesso?
Steve “Zetro” Souza – Eu acho que este é o nosso melhor álbum, é um trabalho excelente. Sábio na composição e na performance. Eu amo todas as músicas do álbum. Ficou ótimo. Em outros álbuns que participei, não me senti assim. Eu gosto de algumas músicas, algumas são melhores que outras, mas no Blood In, Blood Out, eu acho todas as músicas ótimas. Nós tocamos cinco novas músicas do novo álbum nesta turnê, não fizemos isso da última vez.
A ILHA DO METAL -) O que você lembra do Brasil? Embora eu saiba que já está por aqui.
Steve “Zetro” Souza – Eu estou em Limeira, sim…neste momento, eu amo o Brasil, eu amo a comida, as pessoas, nossos fãs que são loucos, nós amamos tocar no Brasil. E agora estaremos pelo Brasil por dez dias! Nós amamos o Brasil, o clima é ótimo e nos Estados Unidos agora está super frio, é inverno lá, e estar nesta época do ano com shorts e camisetas: aaaahh, amamos o Brasil.
A ILHA DO METAL – Uma pergunta chata: Gary Holt infelizmente não virá e muitos estão tristes por isso e reclamando na internet. Como a banda vê isso?
Steve “Zetro” Souza – Essa é a primeira vez que acontece isso na América do Sul. Isso já aconteceu nos Estados Unidos, na Europa, em todos os lugares do mundo. Ele toca no Slayer também, infelizmente nessa época ele tinha algo pessoal a ser feito e temos família, e coisas para fazer sempre. Minha mãe esta doente neste momento e o show tem que continuar. Vejam assim, ele voltará, isso não é o fim.
Nós não podemos esperar Gary para fazer nossos shows, principalmente por termos outro cara no mesmo estilo, Kragen Lum (Heathen). Ele é um fantástico guitarrista e te garanto: se você fechar os olhos e ouvir, não ouvirá nenhuma diferença no estilo, nos riffs, no jeito de tocar, tudo é como se fosse o Gary.
Isso acontece com todas bandas. No Anthrax, às vezes o Charlie não vai, às vezes o Scott não vai e eles continuam geniais. E os fãs sempre dão o devido suporte. Todos, como fãs, damos esse suporte ao Gary. Nós amamos ele no Slayer e é como tivemos na tour Europeia, que, por seis semanas, Gary tocou em apenas um show, em todos os outros foi o Kragen e depois do show, todos gostaram. Não ouvimos uma palavra sobre isso, o som continua sendo o Exodus, você verá e todo mundo verá.
A ILHA DO METAL -) Eu vi no youtube o show do Graspop com essa line up que está no Brasil, o show foi espetacular.
Steve “Zetro” Souza – Sim, exatamente. E quem for e conhecer Kragen vai se surpreender. Ele é genial. Te garanto, nenhum dos fãs ficará desapontado com esses shows. Isso acontece neste ramo e acontece muito no resto do mundo, pode não parecer normal para vocês da America do sul, mas entendemos isso sim e lidamos muito com isso.
Temos muito a tocar e tocaremos muito nestes shows.
A ILHA DO METAL – Eu sei que vocês vão “kick our ass” nestes shows.
Steve “Zetro” Souza – Completamente certo, viemos aqui para isso.
A ILHA DO METAL – Você é uma das pessoas mais enérgicas no palco, de onde tira essa energia?
Steve “Zetro” Souza – Eu sempre procuro dormir bem para uma melhor performance, sabe? Assim minha energia me explode e quero sempre que meu público na minha frente seja o mais insano possível. Eu quero sempre “kick ass” e isso para mim é heavy metal.
A ILHA DO METAL – Eu ia te perguntar o que significa o heavy metal para você e acho e já respondeu.
Steve “Zetro” Souza – É a vida (Risos).
A ILHA DO METAL – O que teremos de especial nessa turnê?
Steve “Zetro” Souza – Tocaremos várias músicas de épocas diferentes, todos os fãs devem ir. Teremos música que vocês não pensam que tocaremos e outras que vocês sabem que tocaremos. É um set longo e todos nos divertiremos muito.
A ILHA DO METAL – Tradicional, no final uma mensagem aos fãs?
Steve “Zetro” Souza – A todos os fãs do Brasil, estamos muito muito excitados por estarmos aqui na América do Sul, especialmente no Brasil, para todos os nossos fãs e, desde que toquei aqui na ultima vez, eu não via a hora de voltar. Vocês são fantásticos, uma das melhores plateias do mundo.
Por A Ilha do Metal