Mais de dois anos após sua última edição presencial, realizada no primeiro semestre de 2019, o Festival de Cannes, maior evento de cinema do mundo, está de volta de forma presencial. Ele começou na noite de ontem (06) com a exibição do musical “Anette” e a apresentação do jurí. Esta será a 74ª edição do festival.
Pela primeira vez na história o festival terá um jurí de maioria feminina – entre os nove integrantes, cinco são mulheres – as atrizes Maggie Gyllenhaal e Melanie Laurent, as diretoras MatiDiop e Jessica Hausner e a cantora Mylène Farmer. O diretor brasileiro Kleber Mendonça, de “Aquarius” e Bacurau” também integra o jurí, que é presidido pelo diretor norte-americano Spike Lee, primeiro negro a presidir o júri do festival. Em seu discurso de apresentação, Spike fez críticas a Bolsonaro.
Na curta intervenção, Spike Lee lamentou que se perpetuem os ataques racistas ou contra a comunidade LGBTQIA+, afirmando que “o mundo é gerido por bandidos. Não têm moral, não têm escrúpulos. É o mundo em que vivemos e temos de continuar a denunciar bandidos como eles”, disse, nomeando os presidentes do Brasil, Jair Bolsonaro, e da Rússia, Vladimir Putin.
Bolsonaro voltou a ser citado em entrevista concedida por Kleber Mendonça Filho, que criticou a gestão da pandemia da covid-19 no Brasil e lamentou o “desprezo pela Cultura”. “A Cinemateca do Brasil está encerrada há mais de um ano, todos os técnicos e especialistas foram despedidos. Quando as pessoas de fora do Brasil me perguntam como podem ajudar, eu digo-lhes que é escrevendo sobre isso, falando sobre isso”, afirmou Kleber Mendonça Filho.
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Com muitas estrelas passando por seu tapete vermelho, o Cannes começou com o máximo de brilho possível, com a estreia de “Annette”, um musical protagonizado por Adam Driver e Marion Cotillard.Na cerimónia de abertura foi também entregue o prémio ao vencedor da Palma de Ouro do ano passado, BongJoon Ho (por “Parasitas”) e a Jodie Foster, a quem foi entregue a Palma de Ouro honorária .
Em várias mostras, o festival que vai até o dia 17 de julho exibirá centenas de filmes. Durante a cerimônia de abertura, a produção fez tudo para deixar bem claro que a morte do cinema, anunciada muitas vezes durante a pandemia e sua substituição pelo streaming, ainda está longe de acontecer.
Por Alex Dayrell