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Green Day: Do Pior ao Melhor


A discografia do Green Day devidamente analisada na série “Do Pior ao Melhor”

Depois de disparar para o topo do mundo do rock com “Dookie”, o Green Day resolveu adotar a velha máxima que “em time que está ganhando não se mexe” e fez poucas alterações para o seu sucessor. Um pouco mais agressivo e com letras mais densas e pessimistas que todo o material composto até então, “Insomniac” manteve a banda em alta, foi multiplatinado, rendeu diversos hits (“Geek Stink Breath”, “Stuck With Me”, “Brain Stew/ Jaded”, “Walking Contradiction”), teve canção incluída na trilha sonora do desenho da Disney “Carros” (“Westbound Sign”) e é um dos preferidos dos fãs.

Talvez não seja tão consistente quanto “Dookie”, mas ainda assim é ótimo no que se propõe. Prestes a completar 30 anos de carreira (o primeiro show foi em Outubro de 1987, ainda sob a alcunha de Sweet Children), o grupo capitaneado pelo boa praça Billie Joe Armstrong já ganhou cinco prêmios Grammy, vendeu mais de 75 milhões de discos, teve uma de suas obras mais aclamadas (o consagrado “American Idiot”) transformada em peça da Broadway e foi eleita recentemente pela conceituada revista britânica Kerrang a segunda banda mais influente da atualidade (perdendo apenas para o Metallica).

Abaixo, fizemos um apanhado da discografia do Green Day, na série “Do Pior ao Melhor”. Confira!

12 – ‘¡Tré!’ (2012)

A trilogia”¡Uno!”,”¡Dos!” e “¡Tré!” é considerada por 9 entre 10 fãs do Green Day como o ponto mais baixo da sua carreira, e o seu ato final consegue a façanha nada memorável de ser o mais fraco dos três. Enquanto “¡Uno!” foca no rock de arena e “¡Dos!” é mais urgente e enérgico, “¡Tré!” (cujo nome é um óbvio trocadilho com o baterista Tré Cool) soa como uma colcha de retalhos ou sobras de estúdio, como se o que não tivesse se encaixado na proposta dos dois primeiros tivesse sido empurrado com a barriga para cá. Mesmo os seus dois singles “X-Kid” e a balada “The Forgotten” foram tão insossos que passaram em brancas nuvens. De relevante mesmo, dá para pinçar com boa vontade apenas “A Little Boy Named Train” e “8th Avenue Serenade”, e olhe lá…


11 – ‘¡Uno!’ (2012)

Ainda que tenha conseguido uma façanha considerável (seu primeiro single “Oh Love” conseguiu a invejável proeza de estrear em primeiro lugar na parada da Billboard, tornando-se a terceira canção da história a atingir tal feito), “¡Uno!” no geral é bastante irregular, flertando o tempo inteiro com o pop rock como se quisessem deixar claro que o peso e a angústia dos trabalhos anteriores “American Idiot” e “21st Century Breakdown” estavam para trás e que agora era hora de celebrar. Grande exemplo disso é a divertida “Kill The DJ”, que soa quase como o Franz Ferdinand. Também merecem destaque o hit “Let Yourself Go” e “Rusty James”, mas no geral as músicas carecem de personalidade, o que torna o resultado como um todo um pouco cansativo.


 

10 – ‘1039 Smoothed Out Slappy Hours’ (1991)

Lançado originalmente como “39/Smooth”, foi rebatizado e relançado posteriormente quando o Green Day estourou com “Dookie”, recebendo o enxerto de dois EP anteriores a esse trabalho, “Slappy” e “1000 Hours” (entendeu o porquê desse título escalafobético agora?). O único disco com o baterista John Kiffmeyer (aka Al Sobrante) é nitidamente bastante embrionário: percebe-se que Billie Joe ainda está lapidando tanto sua forma de compor quanto a maneira de impostar a voz; porém faixas divertidas como “At The Library”, “Going to Pasalaqua”, a ode à marijuana “Green Day” e a maravilhosa “I Was There” deixam claro o potencial do conjunto. Como curiosidade, temos um cover completamente avacalhado de “Knowledge”, do Operation Ivy.


 

9 – ’21st Century Breakdown’ (2009)

OK, “American Idiot” é um grande disco, ninguém discute, mas a verdade é que ele causou um efeito colateral no Green Day que foi fazer com que eles começassem a se levar mais a sério do que deveriam. Após um hiato de cinco anos (o maior que já tiveram entre um lançamento e outro), soltaram “21st Century Breakdown”, disco dividido entre três atos e que tem como fio condutor o casal Christian e Gloria, que lidam com uma América devastada pela péssima gestão do 43º presidente, enquanto juntam forças para recomeçar a vida nesse novo século. Se por um lado ele foi muito bem sucedido (conquistou um Grammy, estreou em primeiro lugar nas paradas em 14 países e a faixa “Know Your Enemy” virou canção-tema da WWE – a luta-livre americana), por outro teve seu impacto reduzido por não apresentar nenhum avanço em comparação com seu brilhante antecessor. A produção polida demais e o excesso de faixas mais lentas e depressivas (“21 Guns”, “Before the Lobotomy”) também desagradou boa parte dos fãs das antigas. Se o já citado “American Idiot”não existisse, talvez “21st Century Breakdown” pudesse ser visto com outros olhos… Porém, como isso não aconteceu, acabou sendo ofuscado por ele e passando batido.


 

8 – ‘Revolution Radio’ (2016)

Alardeado por boa parte da crítica especializada como se fosse um retorno ao tempo em que faziam canções mais rápidas e diretas (alguns mais exaltados chegaram ao cúmulo de dizer que estávamos diante de um novo “Dookie”!), mas a verdade é que não é para tanto: Apesar de os primeiros singles divulgados (“Bang Bang”, forte crítica à cultura de armas enraizada nos EUA e a faixa-título) de fato causarem uma primeira impressão errônea por serem as mais enérgicas da bolachinha, o restante do material parece uma tentativa de remeter às pretensões rock-operísticas de “American Idiot”, com letras contundentes, mas melodias nem tanto (como atestam as baladas “Outlaws”, “Somewhere Now” e “Ordinary World”). É um bom trabalho, sem dúvida, mas sem novidades.


 

7 – ‘¡Dos!’ (2012)

Pouca gente por aqui sabe, mas em 2008, Bille Joe e Mike Dirnt fizeram um projeto paralelo chamado Foxboro Hot Tubs e lançaram um excelente e subestimado CD chamado “Stop Drop and Roll!”, cujo som emanava o garage punk de grupos como The Hives e The Jam. Algum tempo depois, na época que “¡Dos!” foi lançado, Billie disse em diversas entrevistas que na verdade esse era o segundo álbum (ainda que não oficial) do FHT, e ouvindo-o, dá para entender o porquê da comparação. É um disco que soa como uma verdadeira ode à esbornia, como as faixas “Makeout Party”, e “Fuck Time” deixam claro, embora ainda haja espaço para cantar sobre corações despedaçados em músicas como “Ashley”, “Amy” e a divertidíssima “Lady Cobra”. Sem dúvida um trabalho subestimado e que merece ser ouvido com mais atenção.


 

6 – ‘Nimrod’ (1997)

Se tem um trabalho do Green Day causador de celeuma entre os fãs é este aqui. Muitos admiraram a coragem de terem saído da zona de conforto e experimentarem um pouco mais; mas os fãs das antigas, óbvio, não assimilaram tão bem assim a mudança e começaram a acusá-los de vendidos. Claramente um disco de transição, “Nimrod” rompeu um pouco com o punk chicletudo que reinava soberano até então e deu início a algumas experimentações. É evidente que a pegada mais rasgada se faz presente como o mini hit “Nice Guys Finish Last” e a rapidíssima “Platypus (I Hate You)” atestam, porém o que realmente chama a atenção aqui é o início da incorporação de novos elementos como surf music (“Last Ride In”), ska (“King For a Day”, com o naipe de metais emprestado do No Doubt), a depressiva “Redundant” e a balada “Good Riddance (Time of Your Life)”, que estourou em todo o mundo e se tornou para os americanos o mesmo que “A Estrada” do Cidade Negra para nós brasileiros, a trilha sonora escolhida por todo universitário para tocar quando recebe seu diploma. Igualmente corajoso e divertido.


 

5 – ‘Kerplunk’ (1992)

Considerado o favorito dos que acompanham a banda desde os seus primórdios, “Kerplunk” marca a estreia de Tré Cool na bateria e já mostra um avanço impressionante nas composições, bem mais lapidadas se comparado com o seu antecessor. Além de pequenas jóias que precisam ser descobertas pelos fãs mais novos, como “80” e “Android”, temos aqui dois grandes hits que até hoje são presença constante nos shows: “2000 Light Years Away” e “Welcome to Paradise” (não, eu não estou louco, a música consta no “Dookie”, porém a gravação original é esta aqui). Vale ressaltar que a versão em CD foi relançada pela Lookout Records (assim como aconteceu com o “39 Smooth”) com o acréscimo das 4 músicas do EP “Sweet Children”, e cujo grande atrativo o cover de “My Generation”, do The Who.


 

4 – ‘Insomniac’ (1995)

Depois de disparar para o topo do mundo do rock com “Dookie” o Green Day resolveu adotar a velha máxima que “em time que está ganhando não se mexe” e fez poucas alterações para o seu sucessor. Um pouco mais agressivo e com letras mais densas e pessimistas que todo o material composto até então, “Insomniac” manteve a banda em alta, foi multiplatinado, rendeu diversos hits (“Geek Stink Breath“, “Stuck With Me“, “Brain Stew/ Jaded“, “Walking Contradiction“), teve canção incluída na trilha sonora do desenho da Disney “Carros” (“Westbound Sign“) e é um dos preferidos dos fãs. Talvez não seja tão consistente quanto “Dookie”, mas ainda assim é ótimo no que se propõe.


 

3 – ‘Warning’ (2000)

Se o álbum anterior “Nimrod” causou desconforto, “Warning” quase pôs a carreira do Green Day em cheque, pois foi o primeiro trabalho desde “Dookie”a não ser disco de platina nos EUA. Porém, com o passar dos anos, ele foi melhor absorvido e hoje é considerado a pérola obscura da sua discografia. Muito mais tranquilo que tudo que fizeram até então, é um álbum descolado de canções simples fortemente influenciadas pela folk music, com uma sonoridade predominantemente acústica (“Warning”, “Macy’s Day Parade”, “Minority”) e mesmo nos momentos mais rápidos, a distorção é usada com moderação (“Waiting”, “Church On Sunday” e a maravilhosa “Castaway”), além de ter até algumas experiências com naipe de metais (“Jackass”). Em uma palavra, surpreendente.


 

2 – ‘American Idiot’ (2004)

Vencedor do Grammy de melhor álbum de rock em 2004 e trabalho que carimbou seu passaporte para o Rock and Roll Hall of Fame, a ópera-rock “American Idiot” consegue ser atemporal ao mesmo tempo que é intrinsicamente ligado ao fatídico 11 de Setembro e suas consequencias na sociedade americana. Contando a história de um personagem chamado “Jesus of Suburbia”, é um disco que transborda desilusão e audácia, com forte sátira social, além de ser uma analogia perfeita à própria banda, cuja resposta aos trabalhos anteriores deu a impressão que estavam perdendo a relevância. Além de ter os hits “Boulevard of Broken Dreams”, “Wake Me Up When September Ends”, “Holiday”, e a faixa-título, ainda foi o segundo Cd mais vendido do Green Day e ainda foi adaptado para a Broadway. Após esse texto, ainda preciso ressaltar sua importância para o rock e o quanto ele é bom?


 

1 – ‘Dookie’ (1994)

OK, “Nevermind” do Nirvana foi o grande responsável pelo boom do rock alternativo nos anos 90, entretanto não há como negar que “Dookie” foi quase tão essencial quanto para uma mudança radical em todo o cenário mainstream. Reintroduziu o punk rock para as massas e foi uma verdadeira fábrica de hits (“When I Come Around”, “She”, “Basket Case”, “Longview”, “Welcome to Paradise”, além do hino gay friendly “Coming Clean”) . Por sua inegável relevância, seu lugar não poderia ser outro. Simplesmente obrigatório!

Por ROCKONBOARD


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