zoom

João Bosco e Ney Matogrosso em festival no Rio


Artistas se apresentaram no Muito Prazer, Brasil, que celebrou a Música Popular Brasileira

A fim de celebrar seus 40 anos, a produtora cultural e selo fonográfico Muito Prazer, Brasil – a MPB – decidiu reunir alguns dos maiores nomes de nossa música popular em um festival de três dias consecutivos no Circo Voador. Após Milton Nascimento receber seu amigo de longa data Lô Borges e diversos outros convidados, com os quais revisitou clássicos do Clube da Esquina e de sua monumental carreira, chegávamos à segunda noite de festa, capitaneada pelo singular violão de João Bosco e pela inventividade de Ney Matogrosso.

Findada a abertura de Verônica Sabino, Bosco foi saudado pelo público por volta das 23h. Primeiramente, desfilou sozinho sua maestria em Nação e De frente pro crime, em que suas seis cordas soavam como se fossem muitas mais – uma marca registrada. Em seguida, o músico mineiro convidou ao palco o trio Ricardo Silveira (guitarra), Rômulo (baixo) e Jurim Moreira (bateria/percussão) – que também se apresentaram com a Banda Zil -, iniciando um desfile de timbres e arranjos de primeira grandeza. Nesta roupagem, os presentes logo foram agraciados com Incompatibilidade de gênios, Desenho de giz, Jade e Corsário. Por fim, a despedida foi marcada pelas eternas O bêbado e a equilibrista e Papel machê, ambas entoadas em uníssono por toda a casa. Durante o último aceno de Bosco, já pairava no ar a sensação de que aquela era de fato uma ocasião especial. Mas ainda viria mais.

A competente apresentação de Pedro Luis e a Parede seguiu ditando o ritmo do espetáculo. A expectativa atingiu seu ápice quando Ney Matogrosso se juntou à banda em Fazê o quê? e Seres Tupy, levando o Circo ao delírio (na data anterior, o ícone havia surpreendido a todos com uma belíssima versão de Último desejo ao lado do português António Zambujo). A atmosfera para o clímax estava definitavamente posta no local.

As primeiras notas executadas pela espetacular banda de Ney, das teclas aos metais, anunciaram o grande momento: tudo pronto para que a estrela maior divulgasse seu brilho. O cantor já tinha o público em sua mãos desde o anúncio de sua voz inconfundível em Rua de passagem (trânsito) e Noite torta. À medida que o show seguia, sua performance estonteante em músicas como Roendo as unhas, Não consigo, Tupi fusão e Ex-amor impressionaram e emocionaram. Ainda houve tempo para a catarse derradeira com Beijos de ímã, Amor – um dos hinos dos Secos e Molhados, presente no essencial disco homônimo de 1973 – e, em meio a merecidas ovações, o adeus com Poema.

Na saída, sob uma chuva que lavava a alma, duas certezas pareciam ser partilhadas: a de que poucos nasceram para dominar o palco como Ney Matogrosso e, além disso, a de que os presenteados com o aniversário da MPB, em verdade fomos nós.

por Diego Ramalho, para a ZIMEL


Deixe seu comentário


Envie sua matéria


Anexar imagem de destaque

Por favor, anexe uma imagem com 920 pixels de largura e 625 pixels de altura.