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Lindsay Lohan e a mídia destrutiva


O que precisamos ficar cada vez mais conscientes é que quem faz a mídia somos nós

Se você, como eu, é uma criança dos anos 90 e ama cultura pop, provavelmente deve ter passado a adolescência assistindo Meninas Malvadas. Da mesma forma, deve ter acompanhado os episódios tristes que transformaram a carreira promissora de Lindsay Lohan em algo que, ainda hoje, é duvidosa.

Não vou dizer que eu sou um fã de Lindsay, mas acompanhei toda a carreira dela, sempre admirei, e me entristeci várias vezes com os baixos dela, ainda mais por ver a mídia tomando proveito de tudo isso.

Lindsay Lohan para Calvin Klein

Menina prodígio

Pra entender melhor como tudo isso aconteceu, vamos do começo. Lindsay Dee Lohan, Novaiorquina, começou sua carreira bem cedo, talvez cedo demais, aos três anos de idade como modelo da Ford Models, e chegou ser cara de marcas como Calvin Klein JeansAbercrombie. Por volta dos 12 anos de idade, Lindsay já começou a experimentar a fama ao estrelar “Operação Cupido”, rendendo alguns prêmios e um contrato com a Disney.

Depois de alguns telefilmes e sucessos como “Sexta-Feira Muito Louca” e o já citado “Meninas Malvadas”, Lohan continuou a tomar as telas, e consequentemente, as lentes dos paparazzi também. em 2004, Lindsay lança seu primeiro disco, o multi platinado “Speak”, que ficou em quarta posição na Billboard. Mais prêmios, mais fama, e cada vez mais paparazzis.

Paparazis e a queda

Por volta de 2006/2007, Lindsay Lohan começou a ter seu nome vinculado nos sites de fofoca quase sempre. Vezes por ser vista saindo de boates, ou bebendo, ou por fotos pessoais vazadas, e até mesmo por suas primeiras acusações sérias e entradas na reabilitação.

Mugshots de Lindsay Lohan

Mas foi mais ou menos em 2010/2011 que a carreira de LiLo começou a desandar mesmo. Sem grandes projetos por um longo período, e sequentes críticas negativas, ela ainda enfrentava problemas com a justiça, em acusações de roubo e acidentes causados por direção irresponsável e consumo de drogas. E claro, a mídia sempre muito presente para informar todas as acusações, prisões e as famosas mugshots.

Em 2013 as coisas começaram a andar para frente na vida de Lindsay Lohan. Após concluída sua estadia em uma clínica de reabilitação (depois de seis tentativas), Lohan começou a gravar a série documental “Lindsay” para o canal da Oprah Winfrey, a OWN. Nele ela mostrou o processo de retorno, a luta contra seus vícios, e contou também sobre seu passado.

Um ser chamado Mídia 

Passando por toda a sua história, vemos que o que deu vida a sua carreira e o que acabou com ela foi a mídia. Os veículos que diziam que ela era a nova revelação do cinema, foram os mesmos informando que ela estava mais uma vez no tribunal. Hoje poucas pessoas sabem ou lembram do que Lindsay já fez como atriz ou cantora, além seu grande marco com a personagem Cady de “Meninas Malvadas”.

Isso porque a mídia não se interessa pela arte de ninguém. A mídia vai onde tem multidão, e aparentemente a grande massa ainda quer “cuidar” da vida alheia. A fofoca vende mais. Um título como “Lindsay Lohan presa em Nova Iorque” é mais chamativo que “Lindsay está sóbria e em novo projeto de cinema”.

Poster de “The Canyons”

Lembro que em meados de 2013, quando Lindsay anunciou sua atuação em “The Canyons”, os títulos das notícias eram coisas como “Lindsay Lohan está atuando com ator pornográfico” ao invés de algo como “Lindsay Lohan está atuando em novo projeto independente e sensual”, mas sexo explícito vende mais, né? E essa fama de bad girl só ajuda a “classe jornalística da fofoca” cada vez mais sugar qualquer possibilidade de levá-la a sério.

“Mas isso faz tempo, as pessoas estão mais conscientes”, será?

Lembra quando Beyoncé lançou “Lemonade”? O que ficou mais em destaque nas notícias? Um álbum falando sobre racismo e machismo? Um projeto militante? Ou a possível traição do Jay-Z e o mistério da Becky do cabelo bom?

Mais recente ainda, quando Katy Perry lançou “Swish Swish” com a Nicki Minaj, o que foi mais falado? Uma faixa de duas artistas poderosíssimas? Ou mais um capítulo da treta Perry x Swift?

Acho que não mudou muita coisa, né?

Seguindo em frente

Atualmente Lohan está gravando a segunda temporada de “Sick Note”, série britânica com Rupert Grint e prepara seu retorno as telonas em um suspense filmado pela Lionsgate e produção executiva dela mesma, que tem o título provisório de “The Shadow Within”.

Linds também já comentou que tem um contrato para álbuns à ser cumprido. Não tem projetos para isso agora, mas que é inevitável seu retorno e que ele deve acontecer em algum momento. Eu aguardo isso com muita esperança, desde o cancelamento de “Spirit in the Dark”.

Espero de verdade que, não só a Lindsay Lohan consiga retomar sua carreira, mas também que a consciência da grande massa mude, para entender que o artista está presente para entreter você no show, no filme, no álbum, e não com seus baixos ou com as recorrentes fofocas.

Errar e se redimir

Lindsay Lohan, assim como Amanda Bynes, Britney Spears e você, são pessoas, humanas e propícias a erros. Se você, na adolescência ou na juventude assim como eu, cometeu seus erros, seus delitos, fez merdas e já passou por momentos ruins, não tem o direito de apontar o dedo na cara de nenhuma delas e rebaixá-las. Assim como qualquer um, elas merecem respeito.

Precisamos entender que o viciado é uma pessoa doente em tratamento constante. Um viciado nunca recebe “alta”, ele fica em observação o resto de sua vida, fazendo com que ele tenha uma luta quase que constante com ele mesmo. Mas se você acha impossível a recuperação dela, lembre-se que Robert Downey Jr. já teve seus problemas com drogas pesadas, e Winona Ryder também se recuperou da cleptomania. Alcoólatras, drogados e pessoas com seus erros patológicos vivem normalmente na sociedade, e mais uma vez merecem seu respeito.

Estamos no século 21 e tudo isso ainda é tabu, ao ponto de uma artista perder sua relevância por conta de seus desvios na juventude ou seus problemas pessoais e familiares.

Cena de “Lindsay” do canal OWN

Hoje ela ainda sofre com essa má fama. Na série documental que citei, consegui identificar como as pessoas tentam se aproveitar dela, e se não conseguem, culpam ela pois “Ah, ela é a Lindsay Lohan, devíamos esperar isso dela, ela não vai mudar”, mesmo sendo de irresponsabilidade ou insensibilidade de terceiros.

O que precisamos ficar cada vez mais conscientes é que quem faz a mídia somos nós! Quem lê, clica, assiste, compra a revista faz parte desse monstro. Enquanto ainda estivermos dando crédito aos sites, blogs e revistas que tratam os artistas como simples personas públicas que servem para entreter com seus baixos e seu problemas, eles vão continuar a perseguir os artistas, ultrapassar quilômetros da linha da privacidade e invadir o bem estar dos mesmos.

***

Muita gente não sabia que a LiLo já tem dois álbuns lançados, e álbuns muito bons! Produção incrível, singles muito bem trabalhados, e artistas como Kara DioGuardi e Butch Walker nesses projetos. Se nunca ouviu, é agora a hora. Tem playlist no nosso Spotify com esses dois álbuns e seus singles derivados, pra quem não conhece, conhecer, e pra quem já conhece aguardar com aquela nostalgia gostosa.

Ouça nossa playlist “Simplesmente LiLo” no Spotify:

Por Maze


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