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Megadeth: a história da banda no Brasil por uma fã


O que faz algumas notas musicais e um tom de voz criarem uma admiração e seguirem com isso por anos?

Um dos pilares do thrash metal, o Megadeth, está a caminho do Brasil e a repórter Samantha Martins nos conta como foi o começo da banda e os shows pelo país

Este ano tá sendo bom demais pros headbangers. Já tivemos Iron Maiden, agora está todo mundo comentando o quão sensacional foi o show do Accept, em menos de duas semanas vem o Avantasia e, em dezembro, a despedida do Black Sabbath. Isto só pra citar um pouquinho da lista. E dentre tantos, um dos shows mais esperados é o do MEGADETH, que no país vai ter um gostinho ainda mais especial, já que o brasileiro Kiko Loureiro é o atual guitarrista da banda.

Mas parece que não é só o talento do Kiko que Dave Mustaine aprecia no Brasil. Foram muitas as passagens da banda pelo país, uma história que começou em 1991, na segunda edição do Rock in Rio. No ano em que a atração principal era o Guns N’ Roses, os cabeludos mal encarados do MEGADETH botaram o Maracanã abaixo! Sorte dos fãs mais old school, que puderam ver a turnê original do aclamadíssimo “Rust in Peace”, em um show considerado um marco pela própria banda.

O país e o público deixaram uma ótima impressão, pois, de lá pra cá, a banda voltou muitas vezes, divulgando uma série de ótimos trabalhos. Em 1994, logo depois de lançar o excelente “Youthanasia”, os americanos vieram para fazer três apresentações no Brasil, duas em São Paulo (no saudoso Olympia) e uma no Rio de Janeiro. Outro show para os fãs old school, já que contou com a formação clássica: Dave Mustaine (voz/guitarra), David Ellefson (baixo), Marty Friedman(guitarra) e Nick Menza (arregaçando com sua fabulosa bateria transparente).

Megadeth 1994

O showzaço de 1994 deixou gostinho de quero mais até pra banda, que, em menos de um ano, voltou ao Brasil, desta vez pra se apresentar na 2a edição do ‘Philips Monsters of Rock’, nosso grande festival de Heavy Metal dos anos 90. Com a mesma formação, a banda fez o Pacaembu tremer, apresentando músicas originais e o cover de “Anarchy in the U.K.”, que na época não ficava de fora. Com a apresentação do Alice Cooper e Ozzy Osbourne na mesma noite, até hoje este é um evento difícil de ser superado.

Em 1997, foi hora do MEGADETH participar da ‘Festa da rádio 89fm’. Depois de uma sessão longa e cansativa de malabarismo e cordas que sucedeu o show do Queensrÿche, a banda entrou no palco pra revitalizar a energia da galera. Mais uma vez uma apresentação impecável do quarteto. E aproveitando a turnê de divulgação do álbum Cryptic Writings, a banda se apresentou também no Rio de Janeiro e, pela primeira vez, nas capitais gaúcha e paranaense. Sorte, muita sorte de quem viu, pois esta seria a última apresentação da banda com a dita “formação clássica”.

Em 1998, adivinha quem veio de novo para o Brasil? Desta vez pra deixar o ‘Philips Monsters of Rock’ pesadão ao lado do Slayer, o MEGADETH se apresentou no Ibirapuera para um público ensandecido, que tirou o dia pra bater cabeça. Sem Nick Menza – que tinha acabado de ser enxotado da banda no melhor estilo do senhor Mustaine, as baquetas ficaram nas mãos de Jimmy DeGrasso, que, por sinal, soube muito bem como usá-las. Apesar de novo na banda, DeGrasso já estava bem acostumado com o festival, pois tocou com o Suicidal Tendencies, em 1994, e com o Alice Cooper, em 1995.

Mas se os anos 90 foram um prato cheio pra qualquer fã do MEGADETH, é aqui que a história começa a ficar triste. Em 1999, a banda lançou o controverso Risk (que uns adoram, outros odeiam, o fato é que realmente soa diferente), mas a turnê se concentrou principalmente na América do Norte, Japão e Europa, não passando pelo Brasil. Foi em 1999 também que os fãs ouviram talvez a pior notícia que o MEGADETH poderia trazer: o guitarrista Marty Friedman deixou a banda em dezembro daquele ano. Influência até hoje para as novas e antigas gerações de guitarristas, não tem quem não lamente a saída de um dos maiores nomes da guitarra no mundo do Heavy Metal. Mas bola pra frente, Al Pitrelli (Savatage) se juntou à banda e em 2001 o álbum The World Needs a Hero foi lançado. Parece que a banda estava de mal com os promotores, porque novamente não teve show por aqui.

E se os fãs mantinham esperança de ver a banda novamente em solos tupiniquins, Dave Mustaine a esmagou quando anunciou o fim do MEGADETH em 2002, em função de um problema nervoso no braço que o impediu de tocar guitarra. Mas torrão e teimoso, Mustaine venceu a doença e voltou a tocar, afinal, o Thrash Metal não pode ficar sem um de seus Big 4.

Em setembro de 2004, The System Has Failed foi lançado. Pesado, agradou os fãs, apesar de ter sido gravado apenas por músicos convidados (incluindo Chris Poland, guitarrista original). E nossa sorte virou novamente, com o anúncio da passagem da turnê pelo Brasil. Com apresentação única em São Paulo, Dave Mustaine e um bando de desconhecidos fizeram um show de arrepiar, talvez porque estava todo mundo com saudades, talvez porque o The System Has Failed é realmente um álbum muito bom, com músicas cheias de raiva e energia, perfeitas para tocar ao vivo. Na época, a banda era formada além do Mustaine, pelos irmãos Drover (Glen na guitarra e Shawn na bateria) e pelo baixista James MacDonough, que fez o seu papel e nada mais, deixando claro que não era ele quem deveria estar no palco.

De bem com o Brasil novamente, de 2005 pra cá, o MEGADETH resolveu que ia vir sempre que possível. E assim os fãs mais assíduos, aqueles que não perdem show nenhum, conheceram um monte de músicos diferentes, pois mudanças na formação não faltaram.

Em 2008, foi a vez da tour do United Abominations. Shawn Drover (bateria) foi efetivado, mas James Lomenzo assumiu o baixo no lugar de McDonough e Chris Broderick assumiu as 6 cordas no lugar de Glen Drover. Bastante gente pôde prestigiar os shows, que desta vez passaram por Goiânia, Belo Horizonte, Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro e Manaus. Pena que este não é um dos melhores álbuns da banda e nem foi uma das melhores turnês. Apesar de ter sido, como sempre, muito boa.

MegaSweden2008

Mas se a banda desapontou alguns fãs com estas constantes trocas de formação e um álbum não tão empolgante, Dave Mustaine se desculpou em grande estilo em 2010. Três motivos para não perder o show: (1) divulgação do Endgame, com a certeza de ouvir os torpedos “Head Crusher” e “This Day We Fight” ao vivo; (2) o retorno do baixista David Ellefson para oMEGADETH; e (3) Rust in Peace na íntegra, em comemoração aos 20 anos de lançamento do álbum. E, sim, todas as expectativas foram atendidas e superadas! Público ensandecido, emocionado, louco! E não é pra menos. Que fã do MEGADETH não quer ir a um show e ouvir “Rust In Peace… Polaris”, “Poison was the Cure”, “Lucretia” e “Tornado of Souls”? E ver o solo de Ellefson na ‘Dawn Patrol’? Além de, claro, “Holy Wars” e “Hangar 18”, obrigatórias no setlist desde sempre! Pernambucanos, brasilienses, paulistanos e gaúchos ganharam este belo presente, momentos que ainda devem estar na memória de muito fã por aí.

Mas o casamento Megadeth-Brasil não acaba aí. Com esta mesma formação (que foi a mais duradoura desde os tempos de Menza e Friedman), o MEGADETH se apresentou em 2011 no SWU. Foi um bom show, só não dá pra entender porque eles não foram os headliners. Em 2012, tocaram no desastroso Metal Open Air (MOA), no Maranhão, para um público pequeno, mas com certeza muito interessado. Apesar de todos os problemas técnicos e organizacionais (que foram muitos!), o primeiro dia do festival aconteceu e grandes nomes, como Destruction, Exodus, Symphony X e Megadeth, salvaram as pobres almas que viajaram muitos quilômetros (às vezes milhares) para aquele festival que deveria ser histórico para o país (na verdade foi, só que pelos motivos errados). O show do MEGADETH foi mais curto do que deveria, mas Mustaine & cia. tiraram leite de pedra pra conseguir tocar 10 músicas naquela noite.

No mesmo ano, a banda voltou ao Brasil, afinal, São Paulo não poderia ficar sem a comemoração dos 20 anos do Countdown to Extinction, outro álbum clássico que foi executado de cabo a rabo, alternado com outros clássicos e músicas do Th1rt3en, novo álbum na ocasião.

MustaineMSG

Em 2013, a passagem da banda pelo Brasil foi mais glamourosa, pois vieram acompanhar o bom e velho Black Sabbath com sua formação quase original. Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte foram as cidades afortunadas que viveram esta noite mágica.

Para finalizar a história (até aqui), o MEGADETH voltou ao Brasil em 2014 (sim, eles tocaram aqui em 2010, 2011, 2012 (duas vezes), 2013 e 2014), com apresentação única em São Paulo. Quem foi, viu que a banda não economizou nos clássicos. Comemorando 20 anos de lançamento do Youthanasia, a banda tocou quatro músicas deste álbum, várias do Rust in Peace e clássicos do Peace Sells, Countdown to Extinction etc. Do álbum que estavam divulgando, Super Collider, só tocaram uma música, mas parece que ninguém se importou. Além do show, os fãs tiveram duas oportunidades de conhecer a banda. Na manhã do show, David Ellefson e Chris Broderick fizeram uma sessão de autógrafos patrocinada pela Jackson, em uma loja na Teodoro Sampaio (SP). Os 200 primeiros fãs ganharam uma senha para conhecer os músicos, tirar uma foto e ter um item autografado. E para 100 fãs mais endinheirados (ou mais malucos), houve um Meet & Greet com a banda toda, com direito a uma foto oficial e entrada prioritária no show.

Enfim, até aqui uma história de sucesso e respeito recíproco entre banda e fãs. 13 passagens pelo Brasil (1991, 1994, 1995, 1997, 1998, 2005, 2008, 2010, 2011, 2012, 2012, 2013, 2014), várias cidades, muitas histórias e shows icônicos. E, por mais que a banda já tenha dividido o palco com Alice Cooper e Ozzy na mesma noite, tenha vindo com o Black Sabbath, tenha se apresentado várias vezes com a formação clássica, ou tenha tocado o Rust in Peace na íntegra, o público brasileiro não vê a hora de chegar agosto.

Quando uma banda do nível do MEGADETH atinge o ápice e parece que não tem mais para onde crescer, ela contrata o Kiko Loureiro e cala a boca de todo mundo que ousou dizer ‘O Megadeth já era‘. Depois da inesperada saída de Shawn e Chris no mesmo dia no final de 2014, várias especulações se destacaram na mídia especializada, até que foi anunciada a entrada de Chris Adler (Lamb of God) na bateria, e depois veio o anúncio de que o brasileiro Kiko Loureiro seria o novo guitarrista.

A Ilha do Metal -Megadeth_ 100

O álbum Dystopia, primeiro com Kiko, tem a opinião dividida entre o público, mas o talento do novo guitarrista (e do baterista também) está acima de qualquer suspeita. Kiko tem mostrado na turnê norte americana a competência de executar os complicadíssimos riffs e solos do MEGADETH com perfeição e a banda segue quebrando tudo com vários clássicos em seu setlist. Com um pedacinho do Brasil em uma das bandas mais icônicas do Heavy Metal, todo mundo quer prestigiar o Kiko Loureiro tocando ao lado do todo poderoso Dave Mustaine, uma parceria que não pode dar em outra coisa, a não ser um espetáculo sonoro a cada apresentação.

O MEGADETH se apresenta em agosto em São Paulo (07), Brasília (12), Fortaleza (13), Porto Alegre (16) e Curitiba (18). Para os fãs interessados, a banda fará Meet & Greet em todas as cidades que se apresentar e o pacote pode ser comprado através do site oficial da banda, no link da turnê.

Informações completas sobre os shows e serviços, na agenda do site.

Por A Ilha do Metal


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