O Metropolitan recebeu um bom público na noite de sábado para saudar a maior banda alemã de heavy metal que já existiu: o Scorpions. Além disso, trata-se de um show comemorativo, que celebra os cinquenta anos de carreira do grupo. A primeira vez que eles vieram ao país foi justamente no Rio, quando se apresentaram na primeira edição do Rock in Rio (1985) para 300 mil pessoas na primeira noite e quase 400 mil na segunda. Na época, tinham acabado de lançar o disco mais bem sucedido da carreira, Love At First Sting, e ajudaram a entoar um dos corais mais marcantes do festival ao executar a balada “Still Loving You”. Este fatídico show, que completou três décadas no ano passado, também parece não sair da memória do vocalista Klaus Meine, que relembra a experiência, já quase no fim da noite, ao falar da primeira vez que veio ao Rio.
Bom, de lá para cá, muita água passou por baixo da ponte e a banda que já investiu em metal com orquestra sinfônica, versões acústicas e outras tentativas de se manter acesa, entrou nesta década ameaçando encerrar as atividades. Para a sorte dos fãs, o show desta noite mostrou que eles ainda possuem gás para seguir por mais alguns anos, já que o grupo esbanjou energia e presença de palco por quase duas horas. A banda subiu ao palco com “Going Out With A Bang”, seguida de “Make it Real” – que ficou marcada pelo tombo do roadie da banda ao tentar pegar o tambourine do vocalista Klaus Meine. O grupo também fez algumas emendas de músicas bem sacadas. A primeira aconteceu logo no início com “The Zoo” e “Coast To Coast”, e depois, em forma de citações, vieram “Top Of The Bill”, “Steamrock Fever”, “Speedy’s Coming” (do ótimo Fly To The Rainbow) e “Catch Your Train”.
Como já virou praxe, foi reservado um momento acústico, mas acertadamente, eles resolveram fazer algo mais rápido do que de costume e apresentaram um meddley que terminou numa execução primorosa de “Wind Of Change”, que surpreende pela assobio afinado de Klaus. Aliás, a voz continua magnífica. O vocalista conseguiu adequar bem sua técnica com o passar dos anos e sabe dosar força nos momentos certos. A prova disso é “Rock ‘n’ Roll Band”, uma das músicas mais recentes da banda no repertório desta noite e que conta com a mesma desenvoltura de Klaus Meine. No entanto, um dos destaques da noite foi a execução de “Overkill”, do Motörhead, para homenagear Lemmy Kilmister, que teve sua imagem nos gigantes telões de altíssima definição.
O show ainda contou com um solo de bateria sensacional do novato Mikkey Dee – onde as capas dos discos apareciam de forma simultânea nos telões enquanto ele mudava o ritmo das batidas – e com a guitarra cheia de fumaça de Rudolph Schenker em “Blackout”. Já o clássico “No One Like You” foi embalado pela cantoria à capela de “Cidade Maravilhosa”. Na volta para o bis, as duas mais esperadas da noite: “Still Loving You” e uma versão apoteótica para “Rock You Like A Hurricane”, finalizando assim, um dos melhores shows do grupo no país.
Por Bruno Eduardo, Rock On Board