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O que vivi pela primeira vez no Festival Lollapalooza


Três dias, incontáveis shows e muitos quilômetros andados

Cheguei na estação Autódromo como uma turista chegando em uma cidade completamente nova. Mesmo com todo o meu paulistanês afiado – como uma boa paulistana que sou – não consegui não me sentir completamente avulsa à toda aquela multidão que já sabia exatamente qual caminho fazer e aparentavam estar prontos para a maratona de shows que vinham pela frente.

Pouco menos de um quilômetro depois, lá estava eu, dentro do Autódromo de Interlagos, com meus três copos de água, torcendo para não ficar com mais sede do que aqueles copos poderiam saciar (a água lá dentro era R$6). Cheguei olhando para aquela imensidão à minha frente. Eram quatro palcos, uma roda gigante, um Kamikaze, diversos stands de marcas patrocinadoras, caixas, balcões de atendimento e lojas no Lolla Market – além, claro, dos diversos pôsteres espalhados por toda a extensão do festival.

Apesar de toda a visão de um festival como o Lollapalooza que temos de fora, não senti uma pressão de estar completamente na moda do hippie cool. O que reinava por lá de verdade eram as cangas espalhadas pelo chão de quem gostaria mais de curtir a vibe do evento com conforto e tranquilidade do alto de uma elevação, do que amarrotados na grade.

Em quesito de fãs, percebi diversos comportamentos entre os visitantes desta primeira edição em que pisei.  No primeiro dia, a maioria das pessoas que via estavam com pulseira de “PASS” (aquele querido ingresso que nos deixa aproveitar os três dias do evento). Porém, não me atrevi a chegar perto da grade para o show da noite: os americanos do Red Hot Chilli Peppers. A visão do fundo do palco Budweiser era o suficiente para que eu e minhas amigas curtíssemos, gritando as letras das músicas, e enxergássemos Flea com seu baixo marcante a metros de distância da gente.

Já no segundo dia, mais perto do palco principal para me agraciar com a apresentação do Pearl Jam, enxerguei as pessoas que esgotam os Lolla Days (ingressos para dias específicos do festival). Lá estavam todos as pulseiras de sábado: bem na frente do palco para ver Eddie Vedder, Mike McCready, Stone Gossard, Jeff Ament e Matt Cameron. Ficou claro que os mais apaixonados por artistas específicos,consomem os Lolla Days e os mais apaixonados pelo Lolla consomem o Pass.

Apesar de toda a empolgação possível para todos os shows do festival, os headliners era uma outra história. Pearl Jam levantou todo mundo – assim como acredito que Imagine Dragons tenha conseguido fazer também no outro lado do Autódromo, no palco Ônix – e levantou os gritos do público empolgado que não importa quantas vezes já os viram, continuam por esperar por seus shows como esperam por um milhão de reais em suas contas.

Foto: Rafael Merino/Metro
Foto: Rafael Merino/Metro

A experiência não foi diferente no domingo, quando os fãs de Lana Del Rey enfrentavam uma possível insolação perto da grade ou os fãs de Liam Gallagher e The Killers faziam o mesmo em outro palco. Ali estavam todos os compradores dos Lolla Days – ou pelo menos grande parte deles – aglomerados entre si, esperando os seus ídolos.

Uma coisa que esses três dias me ensinaram é que não é possível aproveitar tudo do festival. São muitas possibilidades ao mesmo tempo, são muitas pessoas em todas as atividades, então, por isso, priorizar deve ser sua palavra de ordem. Talvez eu gostaria de ter ido no Slackline enquanto The Killers quebrava tudo nos minutos finais do Lollapalooza? Muito provavelmente que sim! Mas já estava fechado e nos outros dias eu simplesmente não quis perder nada dos show. Deixei para o último momento, logo depois de acompanhar a apresentação arrebatadora de Aurora e Lana Del Rey, e não consegui vislumbrar a vista magnífica de cima que devia estar o palco Budweiser em um de seus momentos de glória.

E quantos momentos de glória teve esse Lolla! Eddie Vedder jogou dez tambourines para plateia (um deles minha amiga que estava grudada na grade com sua pulseira de sábado – não disse? – ganhou) e deu vinho para seus fãs. Lana cantou tranquilamente de um balanço para as dezenas de milhares de pessoas presentes, Aurora se emocionou assim como a Liniker em um coro de quem a assistia quando uma falha técnica interrompeu seu show. Teve The Nationals e The Neighbourhood encantando o público de maneiras diferentes, Imagine Dragons arrasando, assim como Royal Blood havia feito antes deles. Tiveram os brasileiros do Ego Kill Talent, a linda da Mallu, Tiê em performance encantadora, o rapper Rincon Sapiência – um dos primeiros que vi no festival e quem eu conheci mais tarde casualmente na rua – e tantas outras apresentações especiais mais.

E, falando em encontros, encontrei amigos conhecidos pelas andanças, encontrei artistas de outros estados que tanto gosto em filas de stands e fiz novos amigos na cabine da roda gigante e enquanto cantava feliz ao som de Aurora na tarde de domingo.

Talvez os únicos pontos negativos do Lollapalooza sejam não poder assistir a todos os shows, ir a todos os stands, dar mais voltas na roda gigante e os banheiros químicos, é claro, afinal, ninguém gosta! No mais, até mesmo as andanças de quilômetros passaram a ser legais.

Te espero com copos de água, chapéu e canga em mãos. Lollapalooza, até a próxima edição.

Por E.T.C.


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