O quarteto cearense Rematte disponibilizou nesta terça, dia 3, em todas as plataformas de streaming, e em formato de videoclipe, seu novo single: “A Cerca”. A música é o segundo lançamento do grupo este ano, e desta vez conta com a parceria do selo Electric Funeral Records.
Se no trabalho anterior, “Sob o Luar”, o Rematte falava sobre inquietações internas e apresentava um som quase etéreo em certos momentos; em “A Cerca”, o grupo formado por Daniel Gadelha (vocal), Álvaro Abreu (bateria), Jonas Monte (baixo) e Thiago Barbosa (guitarra) põe toda a sua raiva para fora, apresentando uma musicalidade mais pesada, com riffs frenéticos e dissonantes, além de uma letra que fala sobre as desigualdades sociais cada vez mais gritantes em nosso país, como conta Daniel: “O texto é uma costura de reflexões e críticas sobre a nossa sociedade, que está metaforicamente (ou não) recortada por “cercas invisíveis”, que não enxergamos, mas que são tão sólidas quanto o ódio de quem as cria e de quem as vivencia.
Cercas sociais, raciais, econômicas, religiosas, e todas aquelas que subtraem da humanidade a capacidade de perceber a existência do outro, do coletivo, da diversidade, e o prejuízo impagável que isso imprime em uma visão de mundo mais justa”.
Devido à pandemia, a banda acabou tendo que buscar uma alternativa para viabilizar a produção do single. A solução foi a gravação remota, onde cada integrante gravou separadamente, em um local diferente, sob a orientação de Matheus Brasil (Matt B), produtor parceiro do Rematte desde os trabalhos anteriores. No final, a música foi gravada em dois estúdios (Esconderijo e Top Studio, ambos em Fortaleza), nas casas dos membros, e até contou com a participação do produtor Zeca Leme, do BTG Studio (SP), fazendo o trabalho de timbragem das guitarras.
Sobre esse processo totalmente novo para os músicos, Jonas comenta:
“Gravar a distância foi um mix de medo e euforia. Medo pela pandemia, e euforia por voltar a produzir e querer que o trabalho ficasse logo pronto. A cada elemento que era gravado, uma comemoração era feita! Apesar de toda a preocupação de como iria ficar, já que cada um estava gravando de um jeito diferente, a certeza de que ficaria bom era sempre presente, pois confiamos demais no Matheus”.
Para o clipe, a banda teve uma ideia de recorte mais pontual: mostrar o impacto da desigualdade social territorial em Fortaleza, cidade onde vivem, e de como obras do governo e de empreendimentos imobiliários separam uma parcela mais pobre da população de forma cruel e muitas vezes violenta.
Para isso, a banda contou com a parceria do coletivo Nigéria Filmes, que cedeu trechos de seu acervo, entre eles a série documental “Cartas Urbanas”, que aborda justamente a reflexão territorial urbana.
“Gostaríamos de falar sobre nossa cidade e inserir imagens fortes, que dialogassem com a densidade do que a letra da música diz. Não demorou em pensarmos na Nigéria, que já é conhecida por suas obras de impacto e apelo social. Trocamos uma ideia com os caras, e eles toparam! O ‘Cartas’ caiu como uma luva para o clipe, pois mostra exatamente o que essas ‘cercas’ de desigualdades sociais podem causar aos mais desfavorecidos”, conta Álvaro.
A captação das imagens da banda, direção e edição ficaram a cargo de Vicente Ferreira, da Vomor Produções.
Confira “A Cerca”:
E o clipe oficial: