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Resenha “Human Flow – Não Existe Lar Se Não Há Para Onde Ir”


A necessária busca pela realidade

Estreia nesta semana, dia 16 de novembro, o documentário do artista chinês Ai Weiwei, Human Flow – Não Existe Lar Se Não Há Para Onde Ir. O trabalho se dedica a demonstrar a realidade vivida por refugiados em todo o globo passando por quatro continentes (África, América, Ásia e Europa), demonstrando o dia a dia de imensidões humanas, que foram expulsas de seus países pela guerra, fome, posicionamento político ou religioso.
Recheado de belíssimas imagens aéreas, Weiwei faz o paralelo do fluxo das pessoas com as migrações de aves, que procuram climas e alimentos em diferentes regiões para sobrevivência. Porém, a paz que estas imagens podem trazer são quebradas pelo cotidiano duro dos migrantes, que raramente é demonstrado pelas reportagens jornalísticas com a devida profundidade.
Esse é o maior acerto do documentário. Cada situação simples, que por mais banal possa ser em nossas vidas, como utilizar um banheiro, lavar roupa, dar comida ao seu bicho de estimação ou simplesmente se manter seco durante uma tempestade é mostrado o drama que milhões de famílias sofrem ao redor do planeta.
Com competência e principalmente respeito, sem exploração e sensacionalismo com a desgraça do alheio, o filme dedica bastante tempo para a questão dos refugiados provindos principalmente da Síria e Iraque, por conta da guerra civil e atrocidades produzidas pelo famigerado autointitulado estado islâmico. Somos baqueados com a situação encontrada nos acampamentos montados pelas Nações Unidas e outras entidades, que apesar de todo esforço, não são capazes de realmente dar uma solução para a maior onda migratória desde a Segunda Guerra Mundial.
A sutiliza com que o roteiro se desenrola demonstra a forte imparcialidade da peça, que se preocupa em não intrometer no desenrolar das histórias de cada grupo mas ressaltando como é o lidar direto daqueles seres humanos com a atual realidade que vivem e seus costumes.
Certamente é um documentário que incomoda e emociona, porém extremamente necessário para uma reflexão que com absoluta certeza é essencial para o despertar de empatia, fundamento básico para acabar com o ódio, que a cada dia mais parece crescer em nosso meio.

Por Guilherme Lourenço


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