Fomos convidados para assistir ao drama “O Castelo de Vidro”, baseado no livro homônimo da jornalista Jeannette Walls, que permaneceu na lista de best-sellers do The New York Times por sete anos.
Dirigido por Destin Daniel Cretton, a história trata da conturbada relação entre Jeannete, vivida pela ganhadora do Oscar Brie Larson, e sua família disfuncional, capitaneada por seu excêntrico pai (Woody Harrison) que tenta estimular os filhos através da imaginação para encarar a pobreza.
Não se enganem pelo título, pois o que vemos na tela é uma realidade dura de quem tem a responsabilidade de ser aquilo que se deseja, mas para isso precisa encarar seu demônios internos e problemas do passado.
Fica fácil perceber o peso da narrativa quando logo em seus primeiros minutos vemos um acidente doméstico onde a protagonista, ainda criança, tem parte do seu corpo queimado por negligência de uma mãe artista um tanto quanto egoísta. Na sequência, vemos o plano irresponsável de seu pai para retirar a menina do hospital sem que a família tivesse problemas com a assistência social.
Este momento já demonstra claramente que um dos destaques do filme é atuação de Woody Harrison, que provavelmente será pelo menos lembrada em algumas indicações a premiações. O ator parece que já está acostumado a viver personagens desajustados e nos entrega um pai que ao mesmo tempo que apresenta fúrias bêbadas e perigosas, tenta tornar a vida, para seus filhos, mais palatável através da imaginação e gestos grandiosos de carinho diante das dificuldades que, na maioria das vezes, ele mesmo cria.
Não há como não relacionar com “Capitão Fantástico” devido a semelhança de visões que os patriarcas apresentam. Porém, em “Castelo de Vidro”, o encanto com a excentricidade logo se perde ao nos darmos conta que se trata de uma história baseada em fatos reais.
Apesar de às vezes parecer um pouco confuso, os flashbacks a partir do ponto de vista da autora conseguem construir uma empatia clara entre a jovem Jeannette e audiência em sua busca para entender seu pai, ao mesmo tempo em que precisa sobreviver nesta realidade confusa e difícil.
Este realmente não é um filme de drama qualquer, onde suas duas horas de projeção quase não são sentidas. Para quem for conferir e tiver o coração mais sensível, leve seus lenços!
Pensou que acabou? Não! Fique até o fim dos créditos e assista a vídeos da família de verdade.
Por Guilherme Lourenço