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Rolling Stones no Maracanã: Satisfação garantida


Ao chegar ao Maracanã debaixo de chuva no sábado a noite, eu já sabia que o sonho de ouvir a minha música preferida deles, “Beast of Burden”, ia acabar só na vontade mesmo. Mas, felizmente, na enquete aberta pela banda inglesa para aumentar o repertório no Rio de Janeiro, o público escolheu outra das minhas favoritas: “Like a Rolling Stone”. O cover de Bob Dylan, para mim, é emblemático pela quantidade de recordações que evoca. Toda vez que eu viajo sozinha (e, bem, eu viajo bastante sozinha) escuto essa canção pelo menos uma vez por dia. Gosto de estar em uma cidade que não é minha e – eu sei que é meio tolo – gosto quando a voz de Mick Jagger me pergunta qual a sensação de estar comigo mesma “with no direction home, a complete unknown, like a rolling stone”. E, caros, eu costumo me sentir fantástica.

Neste show que os Rolling Stones apresentaram em um Maracanã hipnotizado, parte brasileira da turnê latino-americana Olé, eu estava na minha própria cidade, bem acompanhada por amigas, sabendo direitinho como chegar em casa e me sentindo igualmente fantástica. Em êxtase, na verdade.

Foi o quarto show da banda inglesa a que assisti na vida: os dois primeiros no Brasil (o da Apoteose e da Praia de Copacabana). O terceiro foi no Hyde Park, durante o verão inglês de 2013. Na ocasião, eu observava o incansável Mick Jagger no palco e ficava de olho arregalado, me perguntando como ele conseguia, àquela altura da vida, ter tanta energia. Foi exatamente nisso que comecei a pensar quando a banda tocou a empolgante “Miss You” de 1978, por mais de oito minutos  –  e eu dancei à beça como nos outros três shows anteriores. Deu saudades daquele verão intenso e cheio de afetos de 2013, da Praia de Copacabana lotada em 2006 e dos meus 19 anos na Praça da Apoteose em 1998.

Há três anos, eu tinha quase certeza de que seria a última vez que veria Mick, Keith Richards, Charlie Watts e Ron Wood em cima do palco, com uma vitalidade que beira o inacreditável. Ainda bem que eu errei. Vendo Mick conquistando a plateia, conversando em português e correndo de um lado pro outro do palco, eu arregalei o olho de novo – confesso que senti até um certo alívio quando Keith Richards (emocionado, depois de ser aplaudido por longos minutos) assumiu os vocais em “You Got The Silver” e “Before They Make Me Run”. Pô, era hora de Mick beber uma água.

Pensei nisso tudo durante o show, mas, em muitos momentos, não pensei em nada, só me deixei levar pelo repertório de clássicos, que incluiu “Start Me Up”, a escolhida para abrir o show, já empolgando todo mundo, “Its Only Rocknroll (but I like it)”, “Angie”, “Gimme Shelter”, “You Can’t Always Get What You Want”, entre outros. “Satisfaction” fechou a noite, de maneira esperada e magistral. Dizem que é a última vez da banda no Brasil, o que parece bem provável, mas não duvido nada quando se trata da vitalidade de sir Mick Jagger e companheiros. Que venha a próxima turnê.

Por Rachel Almeida

Rachel Almeida é jornalista, assessora de comunicação e não vive sem música, teatro e viagens.


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