Quatro cabeças pensantes a serviço da arte dançante. Arte sonora, visual e reflexiva. Arte mutante, com disposição de arriscar, pra ver aonde vai dar. O peso da bass culture com a mandinga e o tempero baiano. Imagens enigmáticas e instigantes. A palavra das ruas para as ruas. A guitarra baiana recolocada na linha de frente, de uma forma completamente diferente.
Nas palavras de BNegão, há em poucas linhas uma boa tradução para o que é o Baiana System. Em outras palavras, uma música em constante movimento sem precedentes. Mistura feijão, farinha e dendê, como cantam em “JahJah Revolta pt II”, o Baiana System surge da junção do que há de melhor dos ritmos baiano, jamaicano, caribenho, urbano, eletrônico e pra mais, além, uma verdadeira nostalgia do futuro.
A mistura de ritmos do BS e sua forte assinatura como movimento musical e cultural, nos faz acreditar que é impossível assimilar todo o universo criado pela banda, mas pelo contrário, sua solidez em forma de música/composição/identidade nos faz compreender o porquê da banda já ter se consagrado como a maior experiência audiovisual da atualidade na música independente brasileira.
O novo significado dado ao carnaval independente em Salvador, sem cordas, a guitarra baiana como base e sua pedrada visual, transfere qualquer pessoa presente no show do BS para uma euforia de um carnaval de antigamente, juntando com a pirotecnia de um futuro que nem imaginávamos que existia, mas que aparenta ter muito dendê por lá. A identidade visual assinada por Filipe Cartaxo, amarra bem essa consistência, em todos os shows há um tema em volta da máscara do BS, lembrando bem os antigos carnavais, traduzindo a verdadeira cultura urbana de Salvador, que parecia adormecida por muito tempo.
Aliás, adormecer é uma palavra que não existe em nenhuma esfera quando se fala de Baiana System. O som é mutante, a dança é quebradeira pura, é o “pagodão não páre não”, “é sobe a ladeira tomando birita se eu te contar, tu me desacredita”! Lá no início de tudo quando o grupo começou a fazer carnaval, você ainda podia ir atrás do trio no circuito da Barra/Ondina e se meter a dançar sem esbarrar em tanta gente. Hoje, se estiver por perto quando RussoPassapusso (vocalista) começar a cantar “PLAYSOM”, ou você dança ali mesmo na multidão entorpecida pela energia ou sobe pelos cantos da barra/avenida pra dançar sozinho, porque espaço não tem, mas é do pegapacapá que a gente gosta!
Os caras já passaram por tanto lugar desse Brasil conquistando essa gente, como já fizeram muitos shows “na gringa” e é inclusive a única banda brasileira que faz parte da trilha sonora do jogo FIFA 2016 com uma versão alternativa (quebradeira pura) de Playsom. Ou seja, né por nada não… Mas como se diz lá na Bahia, “os caras brocam práporra”. Então não perca seu tempo e vá quebrar ouvindo o som de Baiana…
Gostando ou não, a certeza é de que você nunca viu/ouviu algo igual.
Por Eduarda Nieto para Midiorama