O Ecad – Escritório Central de Arrecadação e Distribuição, órgão responsável por arrecadar os direitos autorais de cada música tocada “em execução pública” no Brasil desde os anos 70, divulgou esta semana um novo levantamento sobre as músicas brasileiras mais gravadas de todos os tempos. A nova lista traz uma mudança de liderança – depois de estar à frente da relação durante anos, “Aquarela do Brasil” perde o primeiro posto para “Carinhoso”.

Na última lista divulgada pelo Ecad, em setembro de 2020, “Carinhoso” e “Aquarela do Brasil” se dividiam  no topo da lista, com 404 gravações cada. Agora, o clássico de Pixinguinha assumiu a liderança sozinho e tem 411 gravações cadastradas. Veja a lista das 10 preferidas dos cantores brasileiros e internacionais:

1. “Carinhoso” de Braguinha e Pixinguinha (411 gravações)

Composta entre 1916 e 1917, ela foi gravada pela primeira vez em 1928, contando somente com a parte instrumental. Sua primeira gravação conhecida é de Orlando Silva em 1937. Recebeu uma versão em inglês para o filme “Romance Carioca”, interpretada por Jane Powell. Em 2009, foi considerada a terceira maior música brasileira segundo a Rolling Stone. Foi gravado pelos maiores nomes da MPB como Elza Soares, Elizeth Cardoso, Francisco Alves, Elis Regina, Silva, entre muitos outros. Veja agora a versão que une Marisa Monte e Paulinho da Viola:

 2.“Aquarela do Brasil” de Ary Barroso (409 gravações)

Uma das mais populares canções brasileiras de todos os tempos, escrita pelo compositor mineiro Ary Barroso em 1939, foi gravada pela primeira vez por Francisco Alves, e depois por diversos artistas como Carmen Miranda, Frank Sinatra, João Gilberto, Tom Jobim, Caetano Veloso, Tim Maia, Gal Costa, Erasmo Carlos e Elis Regina. A música foi considerada a melhor canção do século 20 numa eleição promovida pela Rede Globo. Veja Roberto Carlos cantando a música num show em Las Vegas:

3.“Garota de Ipanema” de Tom Jobim e Vinícius de Moraes (402 gravações)

Talvez a mais conhecida das músicas brasileira, foi composta 1962 e gravada no mesmo ano por Pery Ribeiro. Uma versão de 1964, gravada por Astrud Gilberto e Stan Getz nos Estados Unidos, tornou-se um sucesso internacional. Nos Estados Unidos, o single alcançou o quinto lugar na Billboard Hot 100, permanecendo por duas semanas na parada na posição. Já foi interpretada por Frank Sinatra, Amy Winehouse, Cher, Mariza, Plácido Domingo, Madonna e Tim Maia e também esteve presente em numerosos filmes. Acredita-se que seja a segunda canção mais gravada na história, depois de “Yesterday” dos Beatles. Ganhou um Grammy de Gravação do Ano em 1965. Ouça a versão que reúne Tom Jobim e Frank Sinatra:

4.“Asa Branca” de Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga (316 gravações)

Baião, composto em 1947, a música é a quarta mais gravado do país e a mais tocada em festas juninas de todo o Brasil. Fala da seca no Nordeste brasileiro, que de tão intensa, pode fazer migrar até mesmo a ave asa-branca. Também ocupa a quarta posição na lista das 100 maiores músicas brasileiras de todos os tempos da Rolling Stone. Foi gravada por nomes como Maria Bethania, Caetano Veloso, Raul Seixas, David Byrne, Elba Ramalho, Angra, Gilberto Gil. Veja a versão do autor com as participações de Fagner, Sivuca e Guadalupe.

5.“Manhã de Carnaval”, de Luiz Bonfá e Antonio Maria (290 gravações)

Esta canção foi gravada na trilha sonora do filme “Orfeu Negro”, em 1959. Se tornou tradicional nos meios de jazz estadunidense e é tocada regularmente também por muitos artistas internacionais. É considerada uma das mais importantes canções no mercado do jazz brasileiro nos EUA, que ajudou a estabelecer o movimento da bossa nova. Existem versões da música em inglês, mas a versão mais popular ainda é a de nome e letra em português.  Vários grandes nomes da música já interpretaram esta canção, com versões instrumentais ou a versão original com vocais, como Chet Atkins, John McLaughlin, George Benson, Placido Domingo, Stan Getz, Cher, André Rieu.  Veja a música cantada por Caetano Veloso e Luciano Pavarotti.

6.“Eu Sei que Vou te amar” de Tom Jobim e Vinícius de Morais (263 gravações)

Considerada a 24ª melhor música brasileira pela revista Rolling Stone Brasil. Composta no ano de 1958 foi regravada em 1959 na voz de Maysa Matarazzo mantendo o ritmo e todos os arranjos originais, porém ganhando grande intensificação sentimental e tom de voz ímpar, de uma das mais célebres cantoras brasileiras. Em 2014 a canção entrou para a trilha sonora como tema de abertura da telenovela “Em Família” da Rede Globo interpretada por Ana Carolina. Veja a versão ao vivo de Milton Nascimento:

7.“Corcovado”, de Tom Jobim (249 gravações)

Gravada em inglês como “Quiet Nights of Quiet Stars”, foi composta em 1960. O título em português refere-se ao morro do Corcovado, na cidade do Rio de Janeiro, Brasil, e fala sobre a saudade do Rio e do que a cidade representa. Andy Williams gravou a canção com a letra em inglês, alcançando a 92ª posição na Billboard Hot 100 e a 18ª colocação no Hot Adult Contemporary Tracks em 1965. Em 2000 foi tema de abertura da novela da Rede Globo, Laços de Família. Foi regravada por Tony Benett, João Gilberto, Miles Davis, Sergio Mendes, Doris Day, Nara Leão, Elis Regina, entre outros. Veja a versão de Andrea Bocelli com Sandy:

8. “Wave”, de Tom Jobim (245 gravações)

Composta em 1967, para o álbum do mesmo nome de seu autor, a canção ganhou uma versão em inglês já em 1969, e cantada por Frank Sinatra no álbum “Sinatra & Company”, lançado em 1971. Mais uma canção usada como tema de abertura de novela da Globo – dessa vez do folhetim “Páginas da Vida”. Entre as muitas regravações Elis Regina, Tim Maia, Renato Russo, Ella Fitzgerald e João Gilberto. Ouça a versão de Gal Costa:

9. “Chega de Saudade”, de Tom Jobim e Vinícius de Morais (240 gravações)

Composta em 1956, foi gravada pela primeira vez em 1958, por Elizeth Cardoso, com arranjos de Jobim e acompanhada pelo violão de João Gilberto. Regravada por João meses depois, tornar-se-ia muito famosa devido ao seu modo de cantar e pela sua batida no violão, sendo reconhecida como o marco inicial da bossa nova. Veja o próprio cantor apresentando a música em 2006 no Japão:

10. “Desafinado” de Tom Jobim e Newton Mendonça

Mais uma bossa nova composta por Tom e gravada por João Gilberto em 1958. Ela seria lançada em fevereiro de 1959 como um single pela gravadora EMI-Odeon e incluída em seu álbum de estreia, “Chega de Saudade”.  A canção é uma resposta à crítica da época, que considerava a bossa nova como “música para cantores desafinados”. A canção foi posteriormente gravada por diversos artistas, incluindo Herb Alpert, Nara Leão , Ella Fitzgerald e Stan Getz que, em 1963, ganhou o Grammy de Melhor Performance de Jazz por um Solista ou Grupo Pequeno pela canção. Ouça agora a versão gravada por Astrud Gilberto e George Michael:

Por A.Dayrell